2012

Martha, camisa 10

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O nome Martha parece ser prenúncio de coisa boa. Num pensamento rápido, vem logo na mente o nome da melhor jogadora do mundo com a camisa 10 da seleção brasileira de futebol feminino. Mas a Martha da qual falaremos agora não é essa apesar de não deixar de ser uma craque: a das letras.

 
Martha Medeiros é a que você conhece dos livros “Feliz por Nada”, “Divã”, “Doidas e Santas”, das colunas do jornal Zero Hora e daquela sua leitura obrigatória de domingo da revista do O Globo. Ela me concedeu uma entrevista para o Etc.e.Tal.

Nela, a escritora falou de como começou na profissão do mundo das letras e sobre o livro sobre relatos de suas viagens “Tudo bem biográfico mesmo. Não será um livro de roteiros e dicas, e sim de registros, imprevistos e descobertas.”

Vai dizer que você nunca ficou embasbacado depois de ler uma de suas crônicas ou que nunca recortou um artigo dela para mostrar para suas amigas? Abaixo, a sofisticada e popular, Martha Medeiros.

"Gostar de alguém é função do coração, mas esquecer, não. É tarefa da nossa cabecinha, que aliás é nossa em termos: tem alguma coisa lá dentro que age por conta própria, sem dar satisfação. Quem dera um esforço de conscientização resolvesse o assunto (...)."
- Martha Medeiros




A escritora Martha Medeiros tem, entre romances,
crônicas e poesias, 20 livros lançados na carreira




Etc.e.Tal. – Martha Medeiros
Por Bruno Almeida 

Etc — O que diria aos que desejam se aventurar como escritores? Há uma receita a seguir? 

Martha —
 Eu diria para serem bem honestos ao se perguntarem: tenho o dom mesmo ou é só uma vontade? Se o dom existe pra valer, sugeriria que fizessem uma oficina de literatura, que já foi a porta deentrada de ótimos escritores, e que mantivessem um blog, algo que os fizesse praticar a escrita diariamente. E ler muito, muito. Ah, cruzar os dedos ajuda também.   




Etc — 
Corrija-me se estiver errado, mas, ao que parece, você era publicitária e durante umas férias, escrevendo alguns poemas é que se decidiu ser escritora como profissão. Imagino que a escolha tenha sido tardia. Como foi se transformar na profissional Martha Medeiros de hoje? O acaso ajudou na escolha dessa profissão?

Martha
 Eu escrevia poemas desde os 16 anos, antes de entrar na faculdade, e aos 23 anos resolvi mandar alguns desses poemas para uma avaliação da editora Brasiliense, de SP. Para minha sorte, o editor Caio Graco gostou do material e meses depois lancei meu primeiro livro pela coleção Cantadas Literárias. A partir daí publiquei outros livros de poemas, mas era uma espécie de hobby, não me via como escritora. Só em 1994 é que comecei a escrever crônicas para jornal e meu trabalho ganhou uma tremenda visibilidade, tanto que deixei a publicidade para me dedicar à literatura. Foi um processo lento e circunstancial, nada aconteceu por decreto, de um dia para o outro.




Etc —
 Martha, entre muitos livros e muitas crônicas, fica difícil ver por qual desses estilos você ficou mais famosa. O certo é que em inúmeras repartições públicas aqui do rio,armários de jovens, papéis de parede de computador e até em fichários, em todo lugar corre o risco de se encontrar uma crônica sua. Qual é o segredo pra exercer essa mágica do jornalismo:dizer tanto em tão poucas linhas?  
 

Martha
 Não há um segredo, uma fórmula mágica, nada disso. Escrevo do único jeito que sei, não saberia escrever de forma mais hermética. Acho que a publicidade me deu uma cancha, não posso negar. Meu texto é considerado comunicativo e sedutor, duas características obrigatórias na redação publicitária. O resto vem de dentro, não invento um personagem. Escrevo sobre o que sinto, penso, estou inteira ali no texto. Há uma honestidade que talvez seja perceptível e que encante os leitores.




Etc —
 Em sua escrita pode-se observar que você traduz com exatidão a linguagem da alma, para a nossa linguagem. Como é ser essa tradutora de sentimentos, dar voz e verbalizar o que muitos que se identificam com o que você escreve não conseguiriam fazer sozinhos?



 Martha
 Não considero que eu tenha essa missão de “tradutora da alma”, seria muita pretensão. Os sentimentos são universais e repetitivos, não há nada de novo no front, eu apenas coloco-os “no papel” sem me preocupar em ser moderna, estilosa, hype, nada disso. Não há um “truque”. Talvez o que cative seja justamente eu não me levar tão a sério. Os leitores me levam mais a sério do que eu mesma. Estou sempre prestes a me contradizer, assim é a vida, não há verdades absolutas.    




Etc —
 Todas essas reflexões, você já as vivenciou na pele ou são inspiradas em outras pessoas ou personagens criados por você? 


Martha
 Depende. Muitas foram vivenciadas por mim, outras foram vivenciadas por amigas, algumas coisas eu ouço por aí e desenvolvo. A vida tem matéria-prima de sobra. O importante é saber se colocar no lugar do outro pra tentar extrair dali uma emoção verdadeira, e não fajuta. Já escrevi sobre perda de filho sem nunca ter perdido filho algum, e no entanto muitas mães juram que eu já passei por essa tragédia, pois se sentiram refletidas pelo texto.



Etc —
 Se você responder que já vivenciou todas ou grande parte dessas experiências na pergunta acima, parece que você sofreu bastante, é correto essa frase? Pra se escrever com essa exatidão tem que sofrer mesmo?


Martha
 Eu já sofri por amor, quem não? Porém, sofrimentos mais radicais, não sofri, não. Tive uma vida bastante privilegiada até aqui. Mas claro que há momentos de melancolia, angústias, dúvidas, e tudo isso acaba servindo para a criação de histórias ou de crônicas.


Etc —
 Solidão, "distanciamento" um do outro e superficialidade de sentimentos são temas presentes no seu trabalho. Alguma razão especial? 


Martha — 
Com a solidão tenho a melhor das relações, mas porque é uma solidão escolhida, não imposta pelo destino. Tenho mãe, pai, irmão, filhas, sobrinhos, namorado e uma penca de amigos, não poderia jamais me queixar de solidão. Justamente por ter muitos afetos, gosto de ficar sozinha de vez em quando, conectada comigo mesma. E como sou um tango argentino, muito intensa nas minhas emoções, acabo me surpreendendo com a superficialidade dos encontros atuais, tudo muito descartável. Tenho bastante dificuldade de me desapegar de pessoas, enquanto que tenho a maior facilidade de me desapegar de coisas materiais. Parece que estou na contramão das tendências. Escrever sobre isso me interessa.



Etc — Quem são seus escritores preferidos? 


Martha
 Philip Roth, Paul Auster, Ian McEwan, Caio Fernando Abreu, Saramago, Verissimo, Mario Benedetti e milhares de etceteras. 



Etc —
 Já tem alguma previsão de próximo romance? 


Martha
 Acabei de lançar uma coletânea de crônicas chamada “Feliz por Nada”. De três em três anos eu documento minhas crônicas em livro, a última coletânea havia sido “Doidas e Santas”. E no começo do ano que vem pretendo lançar um livro com relatos de viagens, tudo biográfico mesmo. Viagens variadas que fiz pelo Brasil e pelo mundo, nas mais diversas situações. Não será um livro de dicas e roteiros, e sim registros de roubadas, imprevistos, descobertas. Mais adiante a gente fala sobre esse livro, ele ainda não está pronto.


Etc —
 Sempre nas entrevistas do Etc.e.tal haverá espaço para o entrevistado dizer o que quiser, ao final da matéria, se isso não foi possível por meio das perguntas. O que você tem a dizer... 

Martha — 
Apenas agradeço o espaço, obrigada pela oportunidade.


Hollande rebaixa o próprio salário em 30%

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O presidente francês, François Hollande, e o novo governo liderado pelo primeiro-ministro do país, Jean-Marc Ayrault, concordaram nesta quinta-feira em baixar seus salários em 30%.
Esta foi uma das promessas feitas por Hollande durante sua campanha eleitoral, assim como a elaboração de um código de conduta dos políticos para evitar o conflito de interesses entre os membros do novo gabinete.
O conteúdo do código, revelado hoje pelo jornal "Le Monde", inclui a renúncia a postos executivos que os membros do governo tinham antes de assumirem seus cargos, a rejeição de convites privados e presentes com valor superior a 150 euros e a escolha de trens como meio de transporte prioritário em trajetos inferiores a três horas. 
A primeira reunião do governo, realizada no Palácio do Eliseu, em Paris, foi "solene e emocionante", segundo ministros que participaram do encontro. Durante a cerimônia, Hollande falou que espera que o Executivo seja um exemplo durante seu mandato.
Hollande, segundo afirmou os ministros, transmitiu sua vontade de aplicar suas promessas eleitorais o mais breve possível.

Profeta da universidade

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Minha faculdade passa por problemas. Assim como todas as outras particulares ou públicas, e como todo ensino do rio de janeiro. Conversando com amigos as teorias de tomada de poder, retomada do pseudo poder e poder tomar o poder vão ganhando corpo. Lavagem de dinheiro, envolvimento federal, teoria da conspiração e até sergio malandro com suas pegadinhas como reitor sao discutidas.

 Lá, há muitos e empoeirados anos trabalha um secretário em meu curso. Patrimônio da universidade, uma entidade do prédio, daqueles que não morrem, são tombados na realidade. Conhecido pelo sobrenome, o sujeito não é dado a risos, brincadeiras, conversas e nem nada que alguém que já estudou lá desconfie. Como já está tudo em crise, sem água, sem luz, sem segurança e sem o tão querido e essencial neve no banheiro, pensei que não haveria mal nenhum em trocar cinco, e tão somente cinco palavras com o dito cujo. Sem contar a interrogação claro.

 Após as apresentações iniciais, troca de informações corriqueiras e já conhecida de todos, respirei fundos lancei a pergunta, não sem antes de apertar os olhos e pensar o quão ingênuo continuo sendo depois de alguns períodos que vivo nesse contexto." pro senhor, qual a solução disso tudo?" a pausa que antecede a resposta veio junto com a dúvida de que existia candura naquele Espiríto ambulante, meio decadente, mas ambulante." não sou eu que tenho que saber disso..." seco e grave. Pensei na hora em Jesus Cristo e seus ensinamentos, rev. Luther king e sua posturaenquanto a minha alma tardiamente me confirmava " cinco palavras, bruno. Nunca force a barra. Somente cinco palavras".  Olhos lacrimejados, pauta pro bullying dos meus amigos retruquei com toda educação" sei que não cabe ao senhor, mas como tem muitos anos de casa, acho que já passou por muitas situações parecidas, não?" .após a pergunta um lado novo do personagem apareceu. Uma serenidade de monge, paz das montanhas, uma luz ascendeu e o caboclo respondeu" fica tranquilo, falir não vai não. Vocês terminam o curso de vocês mas isso não fecha."  nascia ali um profeta, uma nova faceta entra em ação e a minha calma volta a reinar. Sob essa profecia, amigos de curso, continuemos!

A (verdadeira) razão das denúncias contra Cabral

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O governador do Rio tem sido alvo de graves denúncias que mancham sua imagem política e pessoal recentemente.

Má administração do dinheiro do estado e falta de ética estão no cardápio.

A maioria das denúncias, que consiste em fotos e vídeos exclusivos, foram publicadas por Garotinho — como todos já sabem — e saíram dos celulares da mulher do governador, Adriana Ancelmo.

Traição por parte dela é algo descartado.

A suspeita é outra: Em 2009, Adriana teria enviado o material para a amiga Jordana  Kfuri, então mulher do empresário Fernando Cavendish, dono da Delta. Com a morte de Jordana e um filho seu na queda do helicóptero na Bahia em 2011, o material  ficou com a família dela, que nunca perdoou Cabral pelo acidente, como incentivador da viagem.

Daí para se ter certeza...

cabral

Considerações da última semana

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Carro após atropelamento

Thor batista estava a mais de 130km quando atropelou e matou alguém. A pergunta é simples: se fosse negro e pobre, estaria solto?  





o curandeiro em recente encontro com Ophra
Chaves, chefe de estado da Venezuela , que está com câncer , teria 
apelado para o curandeiro brasileiro João de Deus. O O homem espiritual teria ido se encontrar com o presidente num avião pago por cachoeira... Isso tá muito mais interessante que Av. Brasil.









Emblema do Estado em publicidade de revista americana
A revista Foreign Affairs , a mais prestigiada sobre política no mundo inteiro, trouxe uma entrevista na sua edição de janeiro/ fevereiro. Nela há uma matéria de cerca de duas páginas sobre o Rio e seu governador, Sérgio Cabral. Já tínhamos pistas há meses de que a coisa ia feder mais cedo ou mais tarde, né...

A desconstrução contextual da notícia

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Existe uma necessidade do sistema em rotular certos preceitos e agir com pré-conceitos. Seja uma necessidade financeira ou de postura social, há sempre a informação além da informação. Há uma resposta do porquê tal notícia é veiculada e outra não, porquê uma é tratada de forma diferente da outra e por aí adiante. Um exemplo muito rico desse acontecimento é a tradicional guerra no Oriente Médio. 



Sempre sabemos por notinhas espalhadas ou alguns flahs que o Estado de Israel éstá em conflito com alguém. Muitas vezes vemos destaques a movimentos como o "free Palestina" por exemplo. A discussão aqui não é sobre quem está certo ou errado, mas eu te desafio a conhecer alguém que tenha visto em um mesmo dia, em qualquer telejornal, imagens de uma cidade mulçumana atacada junto da imagem de algum estado israelense destruído. Quantos aqui já viram figurar em algum impresso a foto de uma criança judia morta em decorrência dos milhares de ataques com bombas que chovem sobre o céu de Tel-Aviv regularmente. Criança palestina eu tenho certeza que você já viu várias... 



Esse posicionamento midiático do qual falamos, hoje, entendo que exista por dois principais fatores. O primeiro deles é o fato de Israel ser aliançado com os EUA, maior potência econômica, bélica e capitalista do mundo há longos anos, parceiros de várias outras nações, assim como inimigo de incontáveis outras. O segundo é o fato de que toda boa faculdade de jornalismo parece ser tendenciosa à esquerda, à subversão, ao protesto. É dessa desconstrução midiática e essa ruptura do fato com o seu contexto que a sociedade sofre continuamente. 

Tal falta de discernimento que as vezes parece ser cega, mas que provavelmente só será revogada daqui há anos, após um olhar imparcial e distanciado do fato inserido em seu contexto. Enquanto o indivíduo ainda aprimora a sua capacidade de interpretação e seu acervo de referências ideológicas e históricas, sofre a massa, refém de pequenos pensadores.



Freixo na frente

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Segundo estudo da LabPop Content, Marcelo Freixo (PSOL-RJ) é candidato o mais influente nas redes sociais para assumir a prefeitura da cidade do Rio de Janeiro nas próximas eleições.

A LabPop Content é uma agência digital, do grupo Approach, e mediu a influência nas redes sociais de cinco cadidatos: Freixo com 67,7 pontos; seguido de Paes, como 66,6; Aspásia com 59,5; sendo seguidos por,acredite se quiser, Otávio Leite com 56,1 e Rodrigo Maia com 52,1.

Freixo realmente dá indícios cada vez maiores que está preparado e se preparando  para para o 'sacerdócio' de prefeito da cidade maravilhosa, enquanto os outros não se mexem muito ainda a nível público. Jabor vem comparando ultimamente Paes a Pereira Passos, insinuando que é o melhor prefeito que tivemos desde então.

Recentemente publiquei aqui que a iniciativa dele de comemorar seu aniversário na sede do cordão do bola preta, numa terça à noite, com oportunidade de estudantes pagarem meia, parecia uma forma também de atrair  jovens à causa política. Ponto para ele.

Nos últimos dias ele tem publicado também em seu twitter fotos de encontro com notáveis. Numas dessas, aparece numa reunião organizada (foto) por Caetano Veloso em sua casa para discutir possivelmente o norte do futuro da cidade caso Freixo ganhe.

Além de todo esse fato importante, há pessoas dizendo que o filho de FHC estava no local. O ocorrido, se verdadeiro, não é de espantar. Até aonde se sabe FHC e filho são pessoas diferentes, habitando em corpos diferentes, contudo, uma possível aliança tendo uma base com partidos não solidários à corrente do PSOL é extremamente possível, uma vez que a manutenção do poder parece exigir isso aqui no Brasil. O PT nos ensinou isso muito bem...

Agora é aguardar e fazer sua parte nas próximas votações.

Manifesto da palavra

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Sr. Aurélio e prezado Seu Houaiss,

Venho por meio desta propor uma revolução na sociedade com a ajuda de vocês.

Quinze minutos de qualquer jornal provariam aos senhores que a sociedade realmente está precisando de uma mudança drástica, e acho que chegou o momento apropriado.

Já que não podemos tirar alguns sentimentos da humanidade como raiva, vingança e dor, que tal se mudássemos o significado das palavras ou até se a colocássemos em desuso?

Imagine um mundo sem "dor", sem "violência", sem "desgraça"? Uma vez me disseram que entendemos o mundo e as pessoas por meio das palavras e, francamente meus caros senhores, há algumas em especial que eu não gosto nem um pouquinho.

Por exemplo, o "quase" torna a vida menos inédita e o "se" mais normal, mais usual! Imagine uma país feliz e sem injustiças?

Isso só seria possível "se" "quase" todos tivesse acesso à educação e cidadania!

Viu como o "se" e o "quase" fazem toda diferença?

Isso é possível! Só depende dos senhores! Mais cuidado com as palavras por favor.

Agora, por último, imagine uma criança que nasce e cresce sem saber o significado de "ignorância, intolerância, prostituição, maldade corrupção"?

Não haveria de ser um alguém muito mais especial do que nós?

É possível! Fique aqui minha indignação e meu voto para a censura a essas palavras inúteis que nos trazem significados horrendos.

Se não mudam os sentimentos, que mudem as palavras...

Dinheiro e seguidores de Cristo

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Quantos aqui já leram, sofreram ou participaram da corrente que assola todos os cristãos: a má interpretação social sobre o sexo?

Não raras vezes casais cristãos se encontram às avessas com esse tema que, biblicamente, se resume e se resolve de forma simples. Os conselhos encontrados nas epístolas do apóstolo Paulo, que foram responsáveis por dar 'limites' ao comportamento da classe, diz para que você seja homem de uma só mulher, que sexo só depois do casamento (uma vez que, segundo sua fé, você é templo do Espírito Santo, logo não há condições para ficar o praticando com qualquer pessoa que não tenha aliança com você).

Apesar de tudo muito claro, as complicações começam nesse nicho mesmo é no casamento; intrigas e até "greves" por parte de um dos aliançados estão na lista dos problemas. Grande parte dessa ideia generalizada em todos os núcleos religiosos ocidentais pode ser considerada fruto de uma ideia, lançada e consolidada pelo teológo Agostinho, ferrenho em sua luta pela dimunuição da importância do sexo.

Pois então, encontrada a razão, ou pelo menos a gênese dela, do porquê o sexo é um tabu mal feito nesse meio religioso, vale dizer que o mesmo acontece com a questão financeira.

Historicamente, Deus sempre foi um Senhor alheio à sua condição financeira no ato da decisão de estabelecer ou não relacionamento com a humanidade, o qual nunca conferiu o número de camelos ou a sua conta bancária para, na religião, ter intimidade com seus seguidores. Historicamente, também, é fato que a maioria daqueles que se aproximavam de Deus na torá (o pentateuco = os cinco primeiros livros da bíblia) tinham um relacionamento  muito íntimo com o grande número de posses ou o poder aquisitivo. Entre os exemplos estão Abraão — o qual, aliás, enriqueceu muito mais depois que veio a ter um relacionamento com o Eu Sou — Moisés, que apesar de ter vindo de berço pobre foi adotado posteriormente pela família do faraó e passou a viver nos palácios; e José, que de escravo se tornou um dos maiorais da maior potência econômica da época.

Os judeus, diferentemente de católicos e protestantes, dão um banho no tratamento homem x dinheiro.

Contudo, as palavras do Messias e o seu relacionamento com as finanças tem sido mal interpretadas.

Os franciscanos através da pregação de sua cultura de desapego à bens materiais e uma possível aproximação da pobreza como relatório de santidade, fizeram, tal qual Agostinho: novas bases para o pensamento de um determinado assunto, nesse caso, o dinheiro.

A partir de então, possivelmente, houve a oportunidade da instalação de uma nova doutrina no inconsciente coletivo dos cristãos. O dogma que assolou essa religião durante anos, proveniente dessa cultura que associa pobreza à santidade não é verdadeiro nem recíproco. Não se pode medir integridade religiosa de ninguém por ele ser rico. Riqueza no cristianismo não é sinônimo de pecar. 

Proveniente dessas ideias, muito pode se explicar sobre o julgamento negativo de alguns hoje em dia quando avistam alguma construção luxuosa ou quando intitulam algum sacerdote de ladrão. A questão ou o porquê disso algumas vezes vai muito além de um desvio moral ou ético, os próprios condenadores estão arraigados em uma base montada na cultura humanista, o que é extremamente lamentável.

Segundo Texto

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Após a repercussão do texto " O que (o escritor da) Esquerda tem que aprender com os evangélicos" e do ótimo e proveitoso feedback em relação ao tema, tive a honra e o prazer de receber opiniões e conselhos sobre conteúdo e também forma do último artigo. Uma dessas pessoas, um referencial profissional para mim, Stephen Kanitz, sugeriu-me que repartisse o original em quatro, devido ao extenso tema. Desafio aceito, o primeiro texto retirado do original você pode conferir abaixo, agora vamos falar um pouco mais sobre as características da religião que mais cresce no país:  protestantismo.

João do Rio foi uma famoso jornalista brasileiro, carioca, nascido em 1881 que entre janeiro e março de 1904 decidiu colher informações sobre a religiosidade do Rio de Janeiro e as colocou em seu livro de reportagens intitulado "As religiões do Rio".Nele o repórter conta a história da primeira igreja evangélica a chegar na cidade, chamada Igreja Fluminense, que é datada de 1858


Junto com essa igreja pode-se acreditar que chegou ao Rio de Janeiro e anteriormente ao país um novo conceito religioso, ou pelo menos o embrião de uma transformação que não se restringe somente ao campo da religião.

Alguns sociólogos afirmam que a sociedade se baseia sobre pilares e, entre eles estão a família, a justiça e a religiosidade.

Quando se afirma que o protestantismo à luz de Cristo , apesar de respeitar hierarquias e construções sociais, não se contenta em agir somente na esfera religiosa, cria-se a semelhança, paradoxalmente e inversamente dele ao comunismo, uma vez que esse em seu mais avançado estágio parece suprimir o indivíduo, negar a possibilidade de sonhos e ascensão social, coloca o estado acima de qualquer religião e intenciona ir além de um sistema social almejando se tornar uma filosofia de vida — algo muito semelhante ao que o capitalismo pode sugerir atualmente.

Com o cristianismo puro e simples (o qual C.S. Lewis tem um livro sobre) acontece o mesmo. Suas atitudes de caridade e frutos dessa fé necessitam, com respeito, invadir outras áreas. Logo, então, pode-se acreditar que a primeira igreja pode ter sido uma tímida, contudo poderosa semente de mudança que foi plantada no estado, uma vez que seu membros e fiéis são ensinados a fazer da religião uma ideologia e uma espécia de "chamado".

Politicamente, as diferenças por conta de atitudes e medo de retaliações populares religiosas começam a acontecer naturalmente. Em qualquer país com regime democrático a maior classe está apta a receber, senão a maior, grande parte da atenção e investimento social. Recentemente candidatos das mais variadas esferas têm feito desse nicho seu curral eleitoreiro e conseguiram galgar novos territórios, a nomeação de Crivella para o Ministério da Pesca recentemente pela presidente Dilma é acusada de ser em virtude do crescimento populacional evangélico.

Contudo esses acontecimentos, apesar de serem bem claros, não são fatos consumados e provados. A verdade de fato e de direito atualmente é que a forma como se desdobra uma denominação hoje é fascinante.
Toda igreja que se esmera nas atitudes bíblicas e as repete dá "uma aula" para muitos líderes e CEOs.


É interessantíssimo a capacidade de recrutamento para o ofício de dentro das igrejas, assim como a clara e imediata noção de acolhimento que cada uma delas oferece, igualmente com o importante discurso e prática que une todos ali debaixo de um só propósito. Se cria uma comunidade à parte, que, se for levada a séria, 2000 anos depois de o Messias ter deixados seus ensinamento e diretrizes, é muito mais eficiente ao chegar próximo do que qualquer comunidade tentou ao se tornar uma "sociedade alternativa"

Vale ressaltar a pequena curiosidade que acontece hoje que é a do número absurdo de músicos profissionais que transitam pelo brasil afora acompanhado artistas renomados e multimilionários, os quais firmaram seus primeiros passos em igrejas pentecostais ou neo-pentecostais. Mas a formação desses músicos, o porquê da troca de "altar" e "palco" e o êxodo deles das igrejas não encaixa no tema proposto.


Um dos exemplos dessa grande movimentação 'espiritual' atual brasileira é a ferramenta da visão celular no modelo dos 12, Iniciada no Brasil por volta desse novo século. Em pouco mais de 10 anos atuando em território nacional, as atividades que fazem parte desse projeto já reinstauraram características importantes desse povo que segue a bíblia, tais como 'honrar o líder", "seguir o modelo dos 12 adotado por Cristo", a implantação de "células" que envangelizam em quase todo território nacional e principalmente a ideia de que cada membro é um líder e cada casa uma potencial igreja.

O primeiro texto insinuava o exemplo que a esquerda nacional deveria seguir dos evangélicos. E o exemplo tem sido esse, uma paixão pelo sacerdócio e o trabalho de "formiguinha" e de muita paciência e estratégia por parte desses líderes. Se tudo continaur como está, em breve o país se tornará, mais do que já é, uma potência evangélica mundial tendo suas decisões a níveis institucionais sendo influenciadas por essa classe que começa a se tornar poderosa.

A luta pela classe C

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Após a repercussão do texto abaixo e do ótimo e proveitoso feedback em relação ao tema, tive a honra e o prazer de receber opiniões e conselhos sobre conteúdo e também forma do último artigo. Uma dessas pessoas, um referencial profissional para mim, Stephen Kanitz, sugeriu-me que repartisse o artigo em quatro, devido ao extenso tema. Desafio aceito, comecemos hoje pelo final, a minha reflexão sobre a Teologia da Libertação.

Tal teologia tem no Brasil seus ícones mais conhecidos: Leonardo Boff e Frei Betto. Sobre tal corrente pode-se acreditar que ela nasce no começo dos anos 60, ainda como "cristianismo da libertação", quando a JUC (Juventude Universitária Católica) se alimentava da cultura católica francesa progressista que propunha, pelo cristianismo, uma radical transformação social e era encabeçada por Emannuel Mounier e padre Lebret.

Esse embrião de movimento fomenta e se estende aos demais países da América Latina tomando para si engajamentos culturais, políticos e sociais, sempre atrelados ao cristianismo. Nos anos 70 nasce então a "Teologia da libertação".

Leonardo Boff e Frei Betto, tal qual eram, ainda são extremamente atuantes em sua ideologia nos dias de hoje(Boff por suas convicções chega a ser excomungado pelo Papa na década de 80 e Frei Betto, além de assessor especial de Lula quando presidente no país, fez assessoria de outros organismos socialistas Estado-Igreja também). Resumindo a teoria e a função da Teoria da Libertação seria "optar pela causa dos pobres".

A luta pela massa, pela maioria que é tida como mais manipulável por alguns estudioso não é nova, e já se entendeu que para se estabelecer novos paradigmas, não há base maior do que a classe C, os pobres. Como diria Clinton, segundo o jornalista Paulo Henrique Amorim, quando soube que Lula havia sido, enfim, eleito presidente: "É sempre assim, se elege pelos pobres mas se governa pelos ricos".

Acontece que, exatamente na década de 80, o crescimento religioso que o país começa a enfrentar é outro. A máxima "comunicação é o que se entende e não o que se fala" se fez verdadeira para a nova Teologia.

Ela que deveria ser do e para os pobres é substituída ligeiramente pelo protestantismo nas ruas das cidades nacionais.

Com uma linguagem mais simples e mais direta — uma vez que a formação de pastores em tal época e aqui era diferente da formação de padres, logo a semelhança entre locutor e ouvinte sendo maior, maior também a receptividade — as igrejas evangélicas das mais variadas denominações, que haviam chegado no país somente no século anterior, tomam a frente, assumem seu posto e seu legado no lugar de Boff e companhia.

Em 1960, a classe se resumia a somente 4% da população. A população cresce e a porcentagem de fiés também; hoje cerca de 20% dos brasileiros se reúnem semanalmente em cultos. O país é uma potência e visto como o celeiro das atividades não só nas Américas como no mundo. Não raramente palestrantes e pregadores de expressão nacionais são convidados para ir para os quatro cantos do mundo multiplicar o know how e o que tem acontecido por aqui.

Tendo a distância entre líder e público diluída pelas semelhanças de origem e história pessoais, outro fato que coopera para o crescimento dessas igrejas sobre o público alvo que seria na nova Teologia católica é também o fato de que novas denominações continuam a surgir ao longo do país buscando e diminuindo a margem de pessoas que não se enquadrariam por conta de características. Hoje, existem formas e expressões de evangelho para todos: surfistas, empresários, desempregados e empregadas.

O fato é que a igreja evangélica sem abrir mão dos princípios se adéqua as novas realidades numa velocidade razoável, enquanto a igreja católica continua afastando de si pessoas de vanguarda como Boff e Betto, que, estando do lado do Papa, seriam responsáveis por uma situação aqui, se não muito, pelo menos um pouco diferente da atual.

Hoje, não só no Brasil, a igreja católica enfrenta o que chamam de crise, e se continuar do jeito que está, as igrejas ligadas ao Vaticano vão ficar mais vazias do que o Egito na época do êxodo.

O que (o escritor da) Esquerda tem que aprender com os evangélicos

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Recentemente foi lançado ao público por meio de alguns blogs um artigo que, inteligentemente, discute a tríade a princípio inseparável: economia-política-religião.

O artigo traz reflexões importantes porém peca em algo que os da própria corrente evangélica/pentecostal/neo-pentecostal pecam: a segregação.

O escritor acusa algumas denominações com a do missionário R.R. Soares ou a Universal do Bispo Macedo de produzirem cultos em escala da broadway, insinuando que, por conta disso, tradições de simplicidade cristã fiquem em segundo plano (com muita boa vontade) no cotidiano daquela comunidade.

Não advogo a favor de missionário ou bispo nenhum, pelo contrário, pessoalmente até tenho discordância com a forma que lidam com o evangelho e essa forma política , contudo, como disse anteriormente, a crise do protestantismo hoje no Brasil é criada pelos próprios evangélicos.

Não raras vezes em conversas comuns você irá ver entre eles alegações de que militantes da causa que pertencem à outra denominação são errados ou o pior, pelo simples fato da comunidade em debate ter crescido, ter se tornado uma gigante em influência e abrangência, já se coloca o rótulo de vendida.

A revista Época, ou Isso é (não me lembro no momento) deu a capa de uma de suas edições do ano passado falando sobre o novo crescimento do protestantismo à margem dos evangélicos. Líderes como Caio Fábio e Carlos Bregantim estão nesse contexto uma vez que incitam essas pequenas reuniões em fundos de quintais ou ex-lojas comerciais (Em tempo, os neo-pentecostais do textos e esses do conteúdo da matéria dessa revista são de correntes completamente diferente se assimilando somente na pseudo simplicidade do pouco número de membros ou da pequenez da congregação).

O fato é que, quando qualquer líder ou seguidor religioso do cristianismo ocidental protestante levanta sua bandeira contra qualquer denominação que apareça na TV ou que por ter ganho notoriedade por suas próprias condições, ele cai numa armadilha social muito comum, muito arisca e muito arriscada, que começou na Escola de Frankfurt, na Alemanha.

Esses alemães, muito doidos, muito à frente, de vanguarda e geniais, tinham uma ideologia que no fim das contas poderia se resumir grosseiramente a seguinte frase "se faz sucesso, não é bom."

E é isso que acontece atualmente. Qualquer líder religioso/ espiritual é julgado primeiramente pela visibilidade que tem; se a possui muito, um certo pre´-conceito já se instala na interpretação de suas palavras e associar este homem ou mulher à simplicidade, graça, humildade e integridade parece coisa quase impossível.

Como se simplicidade fosse atributo excludente de grandeza e graça de realeza.

O dogma que assolou essa religião durante anos, proveniente da cultura dos franciscanos, que assossiava pobreza à santidade não é verdadeiro nem recíproco: riqueza não é sinônimo de pecado!

O texto se encontra abaixo, essas são algumas pequenas reflexões que eu espero que nos faça pensar e rever nossas atitudes de interpretação.

A teologia da libertação perdeu seu espaço para os evangélicos muito por causa disso...

Até breve.

“As massas de homens que nunca são abandonadas pelos sentimentos religiosos 

então nada mais vêem senão o desvio das crenças estabelecidas. 
O institnto de outra vida as conduz sem dificuldades 
ao pé dos altares e entrega seus corações aos preceitos 
e às consolações da fé.”
Alexis de Tocqueville, “A Democracia na América” (1830), p. 220. 
Publicado originalmente no sensho
No Brasil, um novo confronto, na forma como dado e cada vez mais evidente e violento, será o mais inútil de todos: o do esclarecimento político contra o obscurantismo religioso, principalmente o evangélico, pentecostal ou, mais precisamente, o neopentecostal. Lamento informar, mas na briga entre os dois barbudos – Marx e Cristo – fatalmente perderemos: o Nazareno triunfa. Por uma razão muito simples, as igrejas são o maior e mais eficiente espaço brasileiro de socialização e de simulação democrática. Nenhum partido político, nenhum governo, nenhum sindicato, nenhuma ONG e nenhuma associação de classe ou defesa das minorias tem competência e habilidade para reproduzir o modelo vitorioso de participação popular que se instalou em cada uma das dezenas de milhares de pequenas igrejas evangélicas, pentencostais e neopentecostais no Brasil. Eles ganharão qualquer disputa: são competentes, diferentemente de nós.
Muitos se assustam com o poder que os evangélicos alcançaram: a posse do senador Marcello Crivela, também bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, no Ministério da Pesca e a autoridade da chamada “bancada evangélica” no Câmara dos Deputados são dois dos mais recentes exemplos. Quem se impressiona não reconhece o que isso representa para um a cada cinco brasileiros, o número dos que professam a fé evangélica ou pentecostal no Brasil. Segundo a análise feita pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), a partir dos microdados da Pesquisa de Orçamento Familiar 2009 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a soma de evangélicos pentecostais e outras denominações evangélicas alcança 20,23% da população brasileira. Outros indicadores sustentam que em 1890 eles representavam 1% da população nacional; em 1960, 4,02%.
O crescimento dos evangélicos não é um milagre, é resultado de um trabalho incansável de aproximação do povo que tem sido negligenciado por décadas pelas classes mais progressistas brasileiras. Enquanto a esquerda, ainda na oposição política, entre a abertura democrática pós-ditadura e a vitória do primeiro governo popular no Brasil, apenas esbravejava, pastores e missionários evangélicos percorreram cada canto do país, instalaram-se nas regiões periféricas dos grandes centros urbanos, abriram suas portas para os rejeitados e ofereceram, em muitos momentos, não apenas o conforto espiritual, mas soluções materiais para as agruras do presente, por meio de uma rede comunitária de colaboração e apoio. O que teve fome e dificuldade, o desempregado, o doente, o sem-teto: todos eles, de alguma forma, encontraram conforto e solução por meio dos irmãos na fé. Enquanto isso, a esquerda tinha uma linda (e legítima) obsessão: “Fora ALCA!”.
________________________________________________O crescimento dos evangélicos não é um milagre,
é resultado de um trabalho incansável
de aproximação com o povo
Desde Lutero, a fé como um ato de resistência (Life of Martin Luther and and the Heros of Reformation, litografia, 1874)
O mapa da religiosidade no Brasil revela nossa incompetência social: os evangélicos e pentecostais são mais numerosos entre mulheres (22,11% delas; homens, 18,25%), pretos, pardos e indígenas (24,86%, 20,85% e 23,84%, respectivamente), entre os menos instruídos (sem instrução ou até três anos de escolaridade: 19,80%; entre quatro e sete anos de instrução: 20,89% e de oito a onze anos: 21,71%) e na região norte do país, onde 26,13% da população declara-se evangélica ou pentecostal. O Acre, esse Estado que muitos acham que não existe, blague infantilmente repetida até mesmo por esclarecidos militantes de esquerda, tem 36,64% de evangélicos e pentecostais. É o Estado mais evangélico do país. Simples: a igreja falou aos corações e mentes daqueles com os quais a esquerda nunca verdadeiramente se importou, a não ser em suas dialéticas discussões revolucionárias de gabinete, universidade e assembleia.
O projeto de poder evangélico não é fortuito. Ele não nasceu com o governo Dilma Rousseff. Ele não é resultado de um afrouxamento ideológico do PT e nem significa, supõe-se, adesão religiosa dos quadros partidários. Ele é fruto de uma condição evangélica do país e de uma sistemática ação pela conquista do poder por vias democráticas, capitalizada por uma rede de colaboração financeira de ofertas e dízimos. Só não parece legítimo a quem está do lado de fora da igreja, porque, para cada um dos evangélicos e pentecostais, estar no poder é um direito. Eles não chegaram ao Congresso Nacional e, mais recentemente, ao Poder Executivo nacional por meio de um golpe. Se, por um lado, é lamentável que o uso da máquina governamental pode produzir intolerância e mistificação, por outro, acostumemo-nos, a presença deles ali faz parte da democracia. As mesmas regras políticas que permitiram um operário, retirante nordestino e sindicalista chegar ao poder são as que garantem nas vitória e posse de figuras conhecidas das igrejas evangélicas a câmaras de vereadores, prefeituras, governos de Estado, assembleias legislativas e Congresso Nacional. O lema “un homme, une voix” (“um homem, uma voz”) do revolucionário socialista L.A. Blanqui (1805-1881), “O Encarcerado”, tem disso.
Afora a legitimidade política – o método democrático e a representação popular não nos deixam mentir – a esquerda não conhece os evangélicos. A esquerda não frequentou as igrejas, a não ser nos indefectíveis cultos preparados como palanques para nossos candidatos demonstrarem respeito e apreço pelas denominações evangélicas em época de campanha, em troca de apoio dos crentes e de algumas imagens para a TV. A esquerda nunca dialogou com os evangélicos, nunca lhes apresentou seus planos, nunca lhes explicou sequer o valor que o Estado Laico tem, inclusive como garantia que poderão continuar assim, evangélicos ou como queiram, até o fim dos tempos. E agora muitos militantes, indignados com a presença deles no poder, os rechaçam com violência, como se isso resolvesse o problema fundamental que representam.
________________________________________________A esquerda nunca dialogou com os evangélicos,
nunca lhes apresentou seus planos,
nunca lhes explicou sequer o valor do Estado Laico
George Whitefield (1714-1770) pregando nas colônias britânicas
Apenas quem foi evangélico sabe que a experiência da igreja não é puramente espiritual. E é nesse ponto que erramos como esquerda. A experiência da igreja envolve uma dimensão de resistência que é, de alguma forma, também política. O “não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso espírito” (Paulo para os Romanos, capítulo 12, versículo 2) é uma palavra de ordem poderosa e, por que não, revolucionária, ainda que utilizada a partir de um ponto de vista conservador.
Em nenhuma organização política o homem comum terá protagonismo tão rápido quanto em uma igreja evangélica. O poder que se manifesta pela fé, a partir da suposta salvação da alma com o ato simples de “aceitar Jesus no coração como senhor e salvador”, segundo a expressão amplamente utilizada nos apelos de conversão, transforma o homem comum, que duas horas antes entrou pela porta da igreja imundo, em um irmão na fé, semelhante a todos os outros da congregação. Instantaneamente ele está apto a falar: dá-se o testemunho, relata-se a alegria e a emoção do resgate pago por Jesus na cruz. Entre os que estão sob Cristo, e são batizados por imersão, e recebem o ensino da palavra, e congregam da fé, não há diferenciação. Basta um pouco de tempo, ele pode se candidatar a obreiro. Com um pouco mais, torna-se elegível a presbítero, a diácono, a liderança do grupo de jovens ou de mulheres, a professor da escola dominical. Que outra organização social brasileira tem a flexibilidade de aceitação do outro e a capacidade de empoderamento tal qual se vêem nas pequenas e médias igrejas brasileiras, de Rio Branco, das cidades-satélite de Brasília, do Pará, de Salvador, de Carapicuíba, em São Paulo, ou Santa Cruz, no Rio de Janeiro? Nenhuma.
Se esqueçam dos megacultos paulistanos televisionados a partir da Av. João Dias, na Universal, ou da São João, do missionário R.R. Soares. Aquilo é Broadway. Estamos falando destas e outras denominações espalhadas em todo o território nacional, pequenas igrejas improvisadas em antigos comércios – as portas de enrolar revelam a velha vocação de uma loja, um supermercado, uma farmácia – reuniões de gente pobre com sua melhor roupa, pastores disponíveis ao diálogo, festas de aniversário e celebrações onde cada um leva seu prato para dividir com os irmãos.  A menina que tem talento para ensinar, ensina. O irmão que tem uma van, presta serviços para o grupo (e recebe por isso). A mulher que trabalha como faxineira durante a semana é a diva gospel no culto de domingo à noite: canta e leva seus iguais ao júbilo espiritual com os hinos. A bíblia, palavra de ninguém menos que Deus, é lida, discutida, debatida. Milhares e milhares de evangélicos em todo o país foram alfabetizados nos programas de Educação de Jovens e Adultos (EJAs) para simplesmente “ler a palavra”, como dizem. Raríssimo o analfabeto que tenha sido fisgado pela vontade ler “O Capital”, infelizmente. As esquerdas menosprezaram a experiência gregária das igrejas e permaneceram, nos últimos 30 anos, encasteladas em seus debates áridos sobre uma revolução teórica que nunca alcançou o coração do homem comum. Os pastores grassaram.
dica da Isabel Dias Heringer

Comemorando pelas razões erradas

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Segue ótimo texto do economista Ricardo Amorim, sobre a atual situação do Brasil no cenário econômico. Boa leitura!



Muita fanfarra na virada do ano porque o Brasil tornou-se a 6ª economia mundial, ultrapassando o Reino Unido. Não entendo por quê.
Somos a 6ª economia do planeta há tempos. As estatísticas oficiais não incluem a economia informal, como se os camelôs, pipoqueiros, professoras de violão e catadores de latinhas não existissem.

Acontece que há muito mais informais no Brasil do que na França ou na Alemanha, que segundo as estatísticas são a 5ª e 4ª economias do mundo. Estes trabalhadores são ignorados pelas estatísticas, mas não deixam de produzir, comer, morar, comprar, ir ao futebol. Já somos pelo menos a 5ª ou talvez a 4ª economia global, apesar do FMI ainda não indicar isto.

Mesmo assim, não vejo razão para euforia. Ser uma das maiores economias ajuda a atrair investimentos e gerar empregos, mas não garante prosperidade para todos. Tudo depende do nível de renda per capita e de como a renda está distribuída. A China, por exemplo, é a 2ª economia do planeta e tem um PIB 110 vezes superior ao de Luxemburgo. No entanto, cada chinês é, em média, 20 vezes mais pobre do que cada luxemburguês.

O Brasil não tem razões para se ufanar. Nossa distribuição é uma das piores do mundo e nossa renda per capita é medíocre, a 55ª do globo.
Ruim, mas já foi bem pior. O excepcional processo de transformação pelo qual o país está passando trouxe melhoras significativas. De 2002 para cá, a economia brasileira pulou de 13ª a 6ª maior do planeta segundo o FMI. Nossa renda per capita avançou 19 posições, saindo do 74º posto. Nossa distribuição de renda também melhorou muito.

Ao contrário do que reivindicam alguns, nossa ascensão econômica não aconteceu por méritos deste ou daquele político. Melhoras semelhantes ocorreram em dezenas de outras economias no mesmo período. A explicação é uma transformação muito mais ampla e menos sujeita aos caprichos dos políticos.
Ao entrar na Organização Mundial do Comércio em dezembro de 2001, a China condenou o Brasil e vários outros países em desenvolvimento a emergirem.

Este evento provocou uma forte e sustentada elevação dos preços de matérias primas que exportamos, enquanto reduziu o preço de inúmeros produtos industrializados e do capital que importamos, favorecendo consumo e investimento por aqui e em muitos países emergentes. A mudança foi tão grande que hoje, entre os 10 países com renda per capita mais elevada, metade é exportador de matérias primas.

As forças que impulsionaram a economia mundial na última década, possivelmente, continuarão ao longo desta, o que sustentará nosso processo de desenvolvimento, apesar de solavancos esporádicos, como o que deve ocorrer este ano devido à crise europeia. Não deixe a decepção de 2012 nublar as perspectivas do que esta década pode trazer.

Se as tendências de crescimento econômico e cambiais dos últimos 9 anos em todo mundo continuarem iguais, antes da Copa do Mundo nossa distribuição de renda será melhor do que a dos EUA. No final da década, seremos a 3ª economia mundial, nossa renda per capita avançará mais 21 posições. Um ano depois, em 2021, nossa renda per capita será maior do que a dos americanos.

Nada disso está garantido. Oportunidade não é destino. Em lugar de comemorar uma estatística errada e que significa pouco para a vida dos brasileiros, deveríamos nos preocupar em criar as condições para que este desenvolvimento potencial se torne realidade. Como já cantou o poeta: “quem sabe faz a hora, não espera acontecer.”
 
Ricardo Amorim
Economista, apresentador do programa Manhattan Connection da Globonews e presidente da Ricam Consultoria.

Rio de Janeiro 24h

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Recentemente, além do poderio econômico que São Paulo tem sobre a cidade maravilhosa, a reclamação de nós cariocas era de que lá eles funcionam 24 horas por dia. Parece que bares, restaurantes, locais de lazer, nada nunca encerra, se tornando assim num convite para que você vá.

As possibilidades realmente parecem ser infinitas na terra da garoa. Porém, agora, ao que parece, com os recentes investimentos e as aquisições do porvir, o Rio de Janeiro pode começar a oferecer abrigos interessantes aos filhos do sereno que insistem em não voltar pra casa antes do amanhecer.

Recentemente, o La Fiorentina, uma cantina à beira-mar, no Leme, se tornou um local 24x7, se juntando assim à outros bravos que já entenderam a lucratividade da madrugada. Até então, realmente são poucos os lugares de qualidade que funcionam 24 horas por dia, porém os que funcionam, além de criarem um marketing extremamente positivo, não deixam de lucrar.

Na zona sul da cidade, a opção é maior. No Flamengo, o representante é o Lamas; em Copacabana o Cervantes; no Leblon, nada melhor do que o baixo, assim como na Gávea; no centro o representante é o Nova Capela e no Méier os moradores tem que se contentar ainda com o Habib's, que vive sempre lotado e é parada quase obrigatória pra quem volta da Lapa para esses lados.

O certo é que a cidade vai cada vez mais ficar acorda, o que é bom pra economia, o que é bom para o povo.

Célula Isaque debaixo d'água!

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Na última célula Isaque dessa sexta-feira, que ocorre próximo à rua João Barbalho, em Quintino, às 20h, mesmo com a chuva, havia visitante. Gabriel, junto com os demais, ouviu objetivamente sobre três conselhos para acertar o alvo em seu aspecto pessoal.

Os três itens são: ouvir conselhos dos mais velhos. Eles são mais experientes, o que os confere, no mínimo, o direito de análise em todas as suas falas, e obediência quando eles tem autoridade.

O segundo item é ter cuidado com quem você anda. Uma ala da sociologia nos faz refletir que por parte, podemos ser fruto do meio em que vivemos; logo, todos nós somos , ou influenciados, ou influenciadores. Se seu círculo social não é o que você deseja ser e nem tem hábitos saudáveis, é bom rever seus conceitos.

Por último, porém não menos importante, está o conceito que você tem acerca de si mesmo. Aquilo que eu acho de mim mesmo me torna apto a ter motivação ou depressão, minha auto-estima está intrinsecamente relacionada à minha auto-imagem.

Tirando os risos, a hora que passou voando, as piadas e comentários, a presença do Espirito Santo, é basicamente isso que posso passar por escrito para vocês que por algum motivo não foram nessa sexta, mas irão nas próximas!

P.S.: Nessa próxima sexta, dia 03/01 não haverá célula, retornaremos na sexta-feira após essa com surpresas! Traga convidados!

Deja Vú

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É impensável numa grande cidade em pleno século XXI, num país que deseja ser modelo de qualidade um prédio simplesmente cair! Ou melhor, DOIS prédios simplesmente caírem em pleno Centro da Cidade.

Como assim?

E se isso tivesse ocorrido em pleno horário de rush, com seus familiares passando por ali, como todos os dias?

O Rio de Janeiro tem um histórico considerável de tragédias envolvendo construções, deixando de dezenas a centenas de mortos e feridos graves.

Ainda não se sabe ao exato a verdadeira razão da tragédia, mas muitos motivos levam a crer a anos de descuido e negligência do poder público com os prédios históricos do Rio.

Segue abaixo uma pequena lista de acontecimentos semelhantes:


* Laranjeiras (1967): em 21 de fevereiro, um temporal provocou um deslizamento de uma encosta na altura da Rua General Glicério, em Laranjeiras (Zona Sul) atingindo uma casa e dois prédios de apartamentos. Cerca de 120 pessoas morreram no local. Entre as vítimas, um irmão do dramaturgo Nelson Rodrigues.

* Elevado Paulo de Frontin (1971): um trecho do viaduto em construção (foto) caiu no dia 20 de novembro na altura da Rua Haddock Lobo, na Tijuca (Zona Norte), sobre vários veículos que estavam parados no sinal vermelho. No total, 28 pessoas morreram e 30 ficaram gravemente feridas, incluíndo algumas mutiladas.

* Supermercado Ideal (1972): no dia 20 de dezembro, a queda do teto de um supermercado em Pilares (Zona Norte) provocou a morte de 14 pessoas e cerca de 100 feridos.

* Abolição (1988): na sequência das chuvas que devastaram o Rio em fevereiro, um prédio desabou na Rua Teixeira Carvalho, no bairro da Abolição (Zona Norte), deixando 13 mortos.
* Rua Primeiro de Março (2002): Um hotel de cinco andares desabou durante a tarde do dia 25 de setembro de 2002 na Rua Primeiro de Março (Centro do Rio). Duas pessoas morreram.

Claudia Costin , Fernando Hadaad e o Governo Federal

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Claudia Costin é a atual secretária Municipal de Educação do Rio
Hoje é aniversário de São Paulo e aniversário de Fernando Hadaad, ex-ministro da educação, e futuro candidato à prefeitura pelo PT da cidade aniversariante.

Ele deixou a pasta da educação sob vaias públicas pelos constantes problemas do ENEM.

Claudia Costin, secretária Municipal de Educação do Rio de Janeiro, diz sobre Hadaad "O que fica para a mídia é o episódio do ENEM, mas para o país, ele deixa um excelente trabalho." Ele, por sua vez, diz sobre a secretária:" É uma das melhores especialistas em educação do país".

Rafael Lisboa, assessor de Eduardo Paes, afirma que o prefeito "Morre de medo que o governo federal tire a Claudia Costin dele".

É esperar para ver a possível dança das cadeiras...

Coincidência ou identificação?

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O que Leonardo Boff, Chico Alencar, André Trigueiro, Marcelo Freixo, alguns professores de história da PUC-Rio, Luiz Eduardo Soares e Chico Pinheiro tem em comum?

Além da possível preferência pela posição na política, essas figuras públicas figuram com um anel de cor escura, no dedo anelar da mão esquerda.

Moda estranha, não é?

Pelas semelhanças nesses perfis esse anel parece identificar muito mais do que uma coincidência entre gostos.

Agora resta saber o quê...

Uma em cada cinco famílias brasileiras está endividada.

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Ed René Kivitz é graduado em teologia e mestre em ciências da religão
A manchete assustadora pertence a matéria do jornal O Globo, que pode ser lida aqui, faz pensar...

Acabo de ouvir Zigmunt Bauman por 30 minutos, em entrevista concedida a Sílio Boccanera, para o Programa Milêmio, da GloboNews.
Dos interessantes comentários a respeito do que Bauman chama de “revolução cultural”, tive alguns insights.

Na verdade, dois. E ambos parafraseando o “penso, logo existo” de Descartes. Vivemos dias de “devo, logo existo”. Bauman disse que na sociedade capitalista quem não consome, não existe. Deixamos para trás a caderneta de poupança: “consiga o dinheiro e compre o que que quiser”, e migramos para o cartão de crédito: “compre o que quiser e depois consiga o dinheiro para pagar”. O resultado dessa mudança de paradigma de consumo é a dívida. Mudou o ditado. Antes se dizia “quem não deve, não teme”, hoje se diz “quem não deve, não existe”, pois quem não deve não interessa aos donos do crédito. E quem não interessa aos donos do crédito está alijado da sociedade.

Além de “devo, logo existo”, vivemos dias de “sou visto, logo existo”. Essa é a versão imposta pela tirania das redes sociais. Quem não tem twitterblog,facebook está fora do horizonte de convívio social, cada vez mais virtual. A vida on-line substituiu a vida off-line. Vai crescendo o número de pessoas que deixam de existir assim que fecham seus computadores e desligam seussmartphones. Aliás, o mundo vai se enchendo de gente que jamais fecha o computador ou desliga o smartphone. Apavoradas com a possibilidades de não serem vistas, isto é, não receber comentários e recados no facebook, e não ver sua coluna de mentions do twitter crescer, as pessoas temem deixar de existir.

E Bauman conclui como somente os sábios: “não tenho capacidade nem conhecimento para avaliar o que isso significa nem como vai ser o futuro”. A entrevista se encerra com Bauman encolhendo os ombros e virando os beiços como quem diz “e agora, José?”.

Ed René Kivitz