maio 2013

Os desigrejados

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Vejo alguns amigos — pessoas geniais e inteligentes — que se dizem Cristãos discutindo principalmente via face alguns temas atuais no contexto. Alguns tenho o prazer de conhecer muito bem, interpretar suas motivações, mas a maioria não tenho intimidade.

Recentemente vi num desses debates o tema sobre homossexualidade. Os debatedores, todos cristãos, argumentavam alguns pontos, entre esses o que o nosso estado democrático tem que ser bom para todos. Ora, se tem que ser bom para todos, isso significa que o conteúdo desse bom será construído na base da maioria, que virá da soma de votos individuais. Agora, se, como indivíduo, voto negligenciando o que é melhor para mim, o bom para todos no final vai ficar comprometido, pois minha função numa democracia é me posicionar, algo que muitos Cristãos em crise existencial tem tido muita dificuldade. Em relação ao homossexualismo, nossa posição já foi predefinida na bíblia e em Cristo: Temos que ser contra a atitude mas amar quem as pratica. Então, vale dizer que, socialmente, quando numa votação ou qualquer outra ferramenta democrática você, cristão votar a favor do homossexualismo (não estou falando aqui das medidas de segurança), você está se omitindo quanto cidadão e quanto um Cristão, do mesmo jeito que estaria se deixasse de amar e se importar com algum deles. Nosso papel é se posicionar em amor. Logo, democraticamente, votamos contra para vivermos de um forma cristã respeitosa.

A maioria desses de hoje que suspiram por esses temas subversivos no meio da igreja e que fazem questão de ir contra ou tem a simples motivação e função de quizumbar e zoar o plantão são representantes de um novo movimento que acontece hoje, os desigrejados. Tenho amigos assim e concordo em muitos pontos, menos com o fato da rebeldia e ruptura. Biblicamente vemos que toda novidade e revolução vinda de Deus aconteceu de acordo e debaixo de uma situação. Alguém aqui imagina Davi matando Saul? Jesus mandando joão batista se escafeder porque ele não ia ser batizado porque não precisava? Ou você imagina a igreja de atos dois entregando as ofertas aos pés de ananias e safira, ao invés de entregar aos apóstolos?

Toda geração que se levanta naturalmente analisa a geração anterior, e a nossa geração, que tinha o chamado e de analisar nossos pais e corrigir essas incongruências de uma forma legítima está sendo corrompida e negociando seu chamado. Hoje entendo que esse fenômeno, lindo e precioso no seu conceito é o nosso maior erro como igreja!

Se você sai de uma igreja com esse pensamento você está deixando pra trás uma missão e uma meta:de ser igreja de Cristo. Não precisamos de pessoas que julgam e apontam, críticos de plantão todos são. precisamos de pessoas que identifiquem o problemas e não corram, antes fiquem e em amor perseverem para corrigir isso!

Não podemos chegar ao entendimento que a religiosidade atual cria juízes e ao invés de nos colocarmos como servos, cruzarmos a fronteira da igreja para nos tornamos também juízes em outro arraial. Não pense você, meu irmão desigrejado, que esse movimento que só cresce, dentro de poucos anos vai também passar a se institucionalizar e acumular ritos para funcionamento próprio e se sistematizar como todos os outros. Não vamos virar as costas.

O problema da igreja não são os lobos travestidos de ovelhas em púlpitos ou bancos, os ladrões, os religiosos ou algo do tipo, o problema da igreja somos nós, eu e você, que vemos um problema e criamos um outro lugar de conforto. A geração que era pra ser a solução, é um novo problema.

Quanto as discussões em público feitas em tom desnecessário, temos mais o que fazer. Alguns de nós não estão nem aí pra discussão, e sim pra vaidade e pra quizumba. Não perca tempo com esses, invista em quem quer ouvir de boa vontade.

Se você por um acaso saiu de uma igreja e iniciou esse movimento com essas intensões, peço a você que volte para uma igreja de verdade, daquelas que são imperfeitas de fato, porque são essas que estão precisando de você.

O que de fato é "inclusão social"

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Nos últimos anos o tema "inclusão social" ganhou mais ainda notoriedade nas pautas da mídia, de conversas e nas plataformas de governo. Aos montes surgem movimentos e líderes reivindicando essa tal "inclusão", que na maioria das vezes é reclamada dos lugares marginalizados, oriundos de uma inadimplência do Estado e , por consequência, da iniciativa privada.

A maioria desses movimentos tem como carro chefe o discurso de suas diferenças locais, que precisa ser reconhecido e enaltecido, ou seja, uma subversão acontece — o crescimento do samba e do funk são exemplos culturais de equipamentos que foram incluídos à sociedade padrão, saindo da marginalidade, do lugar sem destaque e preterido até então pela massa.

O fato é que, atualmente, com o cenário político e econômico, podemos entender como sociedade e massa alguns tópicos semelhantes ao que chamamos de mercado; eles se misturam. Em resumo, toda inclusão social só é possível se for uma inclusão mercadológica. A criação do fetiche, de produtos e do conceito pela mídia e outras ferramentas transforma a inclusão ( que de fato seria igualdade em direitos e tão somente) em produtos de aglomeração para o mercado e sistema.

Toda inclusão, hoje em dia vai além da igualdade de direitos, e transforma qualquer cultura exótica em algo pasteurizado e vendível, logo, toda subversão (nesses casos) só vai até certo ponto, sendo trocada sua essência pelos mecanismos capitalistas. Essas inclusões só favorecem ao mercado, pois facilitam uma hegemonia, abrem mais um braço para consumo e consumidores, o que sempre vai resultar na ótica do lucro.

Alguns acreditam na demonização desse processo, eu prefiro acreditar que ele é só mais um meio para um desenvolvimento, é só mais uma forma distinta de reconhecimento, igualdade e crescimento. O público rejeitado não quer somente inclusão, o público rejeitado quer virar massa e passar a ser consumidor, e isso é o que faz a grande distinção na classificação das classes sociais e se somos inclusos ou não: nossa capacidade de compra.

Uma cidade muito longe daqui

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Imagine que, numa cidade muito longe daqui, houve uma chacina onde muitas crianças foram barbaramente mortas. Com a repercussão do acontecimento e a revolta, pessoas se levantam decidindo não mais ficarem caladas ante as injustiças sociais por parte do Estado. Entre essas pessoas surge um movimento intitulado "pretorock", imagine você.

Com o passar dos anos, a ONG pretorock cresce, passa a atuar em outras cidades e seu líder, chamado McJospeh, muitos anos depois é figurinha certa nos eventos políticos do partido de situação, se torna amigos de homens de governo que são acusados de má administração, irresponsabilidade fiscal e lavagem de dinheiro e chega a ganhar do governo cerca de R$ 80 milhões por ano. McJoseph, em plena e extraordinária ascensão social e mudança de seu círculo de contatos pode ser visto nessa cidade muito longe daqui em seu Land Rover, ou seu tríplex em Ipanemation, um dois bairros mais caros dessa cidade engraçada.

Acontece que a notícia se espalha pela cidade à boca miúda: donos de ONG enriquecem! Donos de ONG's enriquecem misteriosamente! Não é assim que deveria ser? No mesmo instante milhares dessas Organizações começam a ser criadas, incentivadas e financiadas pelo governo coincidentemente e numa dessas entra nessa história um outro personagem o qual vamos manter sua identidade em oculto, apelidando-o somente de "Tei-Tei".

Tei-Tei trabalha recuperando e ressocializando jovens por meio da religião, tem sua igreja e recebe incentivos de sua prefeitura pelo trabalho social. Num desses incentivos, avaliados em R$ 450 mil, McJospeh — se sentindo ameaçado em ter um outro alguém em sua área de atuação — outrora parceiro de Tei-Tei, reclama, veja só você, que exige metade desse financiamento e o acordo não é aceito.

McJoseph que tem amigos muito influentes (vale lembrar também que ele é dono de uma lavanderia e lava muitas coisas de seus novos amigos políticos) coloca a boca no trombone e com acusações sem provas consegue com que o pobre coitado do Tei-Tei seja capturado, julgado e sentenciado, tudo em menos de 1 hora, numa quinta-feira à noite! E ainda dizem que a justiça nessa cidade muito longe daqui não funciona...

Não é de se espantar?

Essa foi a história que me contaram, e como dizem alguns, deve ser horrível morar numa cidade assim, como essa que é muito longe daqui.