maio 2011

"Não existe receita em arte"

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Cuenca lançou seu último livro que faz parte da coleção "Amores Expressos"


Nascido em 1978 e formado em Economia pela UFRJ, o escritor João Paulo Cuenca, autor dos romances “Corpo presente “(Planeta, 2003) e “O dia Mastroianni” (Agir, 2007), e mais recentemente”O único final feliz para uma história de amor é um acidente”( Companhia da Letras) protagoniza a semana do Etc.e.Tal.. Seu último livro faz parte da coleção “Amores Expressos”, projeto que reuniu 17 escritores brasileiros de três gerações e os mandou por um mês para os mais diversos destinos para se dedicarem a colocar as histórias de ficção que foram criadas durante o período de imersão no papel. JP, como costuma assinar, foi para Tóquio e narra em “ O único final feliz(...)” uma história de amor perturbadora com narradores surpreendentes, como uma boneca erótica. O menino que aos 4 anos colava imagens em um caderno que chamava de livro, foi o autor do seriado “ Afinal, o que querem as mulheres?”, sucesso da Globo no último ano.

Segue a conversa com o escritor que tem uma visão peculiar de sua 'profissão: " Não considero literatura uma carreira. A paixão pelos livros começou em casa. Por sorte, sempre tive uma boa estante de livros para escalar."



Cuenca é atualmente colunista no programa Estúdio i, da GloboNews





Etc.e.Tal. – João Paulo Cuenca
Por Bruno Almeida 


Etc —O que diria aos que desejam se aventurar como escritores? Há uma receita a seguir?

Cuenca —Eu diria que desistissem enquanto é tempo. E não existe receita em arte.


Etc —Aos 24 anos, você já tinha livro lançado com sucesso de público e crítica e escrevia no JB. Em 2007, foi selecionado pelo “Festival de Hay” e pela organização do “Festival Bogotá Capital Mundial do Livro” como um dos 39 autores mais importantes da América Latina com menos de 39 anos. Como foi lidar com isso?
Cuenca —Não acho que um escritor deva dar muita importância a esse tipo de repercussão. O sucesso e o afago da crítica são altamente corruptores e acreditar nisso só vai te fazer um sujeito preguiçoso. E a lista é apenas uma lista. Foram 4 brasileiros escolhidos e poderiam ter sido outros 4. Especificamente sobre os 39 de Bogotá, lidar com isso foi muito agradável. Pude estabelecer contatos com outros 38 escritores latino-americanos que jamais conheceria de outra forma.

Etc —Para escrever o último livro, você foi a Tóquio, cidade onde se passa o romance. Foi mais fácil escrevê-lo do que se não tivesse ido? Qual é a diferença de escrever um livro quando se conhece o ambiente em que a história se passa?

Cuenca —Teria sido impossível escrever esse livro sem a viagem. Seria outro. Muito mais importante que a pesquisa factual foi o fato de viver o processo criativo sob a influência de novas cores, sons e pessoas. Dito isso, não acredito que para escrever um livro sobre qualquer lugar é importante visitá-lo. Mas visitá-lo cria uma experiência nova, que pode ser traduzida em texto.


Etc —
Algumas pesquisas dizem que capas e títulos macabros, ou coisas do gênero, vendem menos em relação aos demais. Leva isso em consideração na hora de escrever?

Cuenca —Jamais.


Etc —
O voyeurismo é uma marca na obra do mestre inglês Alfred Hitchcock. Para escrever “O único final feliz”, se inspirou nele de alguma forma? Hitchcock tem alguma influência na sua literatura?

Cuenca —Não. O voyeurismo é algo que os seres humanos, japoneses ou não, praticam desde que existe o desejo. 



Etc —
O Dia Mastroianni
é o seu segundo romance. Trata-se do relato do cotidiano de dois jovens hedonistas, sem trabalho, que usufruem de uma desafogada situação financeira. Um deles ambiciona tornar-se um escritor de sucesso. Tirou algo seu para colocar neste personagem?

Cuenca —Quem dera. Nunca tive desafogada situação financeira e não me considero um escritor de sucesso. O que tirei de mim para compor esse personagem foi apenas a sua estupidez adolescente. De alguma forma, trata-se de um acerto de contas com o passado.



Etc —Solidão, distanciamento um do outro e superficialidade de sentimentos são temas presentes no seu trabalho. Alguma razão especial?
Cuenca —São temas da contemporaneidade. O mundo anda povoado por multidões de solitários.


Etc —
Quem são seus escritores preferidos?

Cuenca —Varia de acordo com o livro que estou escrevendo. Não tenho uma lista.



Etc —
Como tem sido a repercussão de seus livros no exterior?

Cuenca —Boa. É interessante notar como o contexto de uma sociedade influi na leitura de uma obra.



Etc —Qual dos seus personagens mais se parece com você? Se é que algum se parece.

Cuenca —A boneca Yoshiko — Yoshiko é uma boneca erótica descrita no livro “O Único Final Feliz...”



Etc —
Os escritores parecem escrever pelo compromisso de não ter compromisso com ninguém, a não ser com si próprios. Acha possível ser livre tendo de cumprir prazos e compromissos? A sensação de liberdade que sente hoje quando escreve é a mesma de quando escreveu o primeiro livro?

Cuenca —Não existe liberdade confortável. Quando escrevi meu primeiro livro, sequer sabia se seria publicado. Hoje em dia, preciso criar esse espaço (de desistência possível, de solidão etc.) toda vez em que sento para escrever.

Etc —Já tem alguma previsão de próximo romance?

Cuenca —Comecei a escrever, mas ainda não quero falar do que se trata.


Etc — Sempre nas entrevistas do Etc.e.tal haverá espaço para o entrevistado dizer o que quiser, ao final da matéria, se isso não foi possível por meio das perguntas. O que você tem a dizer...

 Cuenca —acredito que um escritor escreve a literatura que pode. Ele é feito mais dos seus defeitos e limitações do que o contrário. Literatura é ruído.



*O Etc.e.Tal revisita a entrevista com Cuenca, concedida no final do ano passado.



Saiba o que (não) rolou no show de McCartney

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O relato de quem — do lado de fora — curtiu o show do ex-Beatle


Paul fez shows que, além do público no estádio, atingiu quem mora no entorno do Engenhão


Dois dias de aúdio de um show inesquecível  de um dos maiores ídolos vivos de todos os tempos foram o que parte dos moradores do Engenho de Dentro ganharam nesta semana. Na noite de domingo (dia 22) e de segunda-feira (23), o ex-Beatle, sir Paul McCartney, tocou e levou à loucura muito mais do que os 90 mil pagantes que estavam dentro do estádio do Engenhão.

Moradores do bairro, ainda não acostumados em receber shows deste porte, não tiveram do que reclamar quando, nos dois dias, religiosamente, Paul entrou no palco às 21:30 e saiu por volta de 00:00, tocando no bis e lendária "Hey Jude".

Por mais de uma vez, durante este período, a multidão, composta de senhores e jovens, que gritava e aplaudia, invadia com seu som casas pacatas das redondezas.

Para Dulce Gonçalves, a oportunidade foi única:

— Hoje vou dormir ao som do Paul, e ao vivo!

Não só Dulce, como Maria's, Jorge's, Pedro's e Claudia's esperam por mais uma oportunidade dessas.A música de McCartney mostra que não te fronteiras ideológicas, cronológicas e principalmente geográficas.

PS1: todas essas informações foram conseguidas e apuradas de fora do estádio, com quem não estava no show mas jura saber de cor e salteado tudo que rolou lá.

PS2: Na hora em que escrevia esse post quase fui interrompido para chorar: Let it Be, um dos maiores sucessos dos Beatles estava sendo tocado.




O Circo volta pra casa

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Cores, risos, trajes e o cheiro (lógico), convenceram o Arpoador que ele revisitava os seus bons tempos nessa última noite de sexta. 


Nina Becker comandou a primeira noite animada do Viradão Carioca 2011


Na última sexta (dia 21 de maio) o Circo Voador voltou, mesmo que por poucos dias, ao Arpoador, seu lugar de origem. A ocasião era o primeiro dia do “Viradão Carioca 2011”, aonde mais de 50 horas de programação serão promovidos também em Bangu e na Quinta da Boa-Vista. O evento é organizado pela prefeitura do Rio de Janeiro, que solicitou ao Circo sua estrutura física e sua marca para a realização no local.

O grande nome da noite, na prática, foi a Orquestra Imperial — big band brasileira próxima do samba de gafieira,formado por Kassin, Wilson das Neves, Nina Becker, Pedro Sá entre outros — que abriu sua apresentação com uma versão em samba de “Starway to Heaven”, clássico da banda da década de 70,o Led Zeppelin.

Ao iniciar a apresentação, Nina Becker, uma das cantoras da Orquestra se confessou ao público que se espremia dentro da tenda para acompanhar o show, fora os que curtiam do lado de fora, pelo telão:

— Gente, devo confessar que eu freqüentei o Circo Voador quando ele ainda era aqui.

O Circo Voador, originalmente, fixou seu primeiro endereço na praia do Arpoador,Ipanema. Em janeiro de 1982, ano de sua estréia, tinha como marca sua lona branca e azul, ‘hasteada’ por artistas da época como o “Asdrúbal Trouxe o Trombone”.

Na platéia, formada naturalmente por um grande número de jovens, a terceira idade marcou presença. Talvez pelo estilo do grande nome da noite, não era raro ver senhoras e senhores entre tantos jovens.

O senhor Alexandre Ferreira, aposentado e morador do bairro gostou da opção:

— É ótimo se ter uma opção cultural cheio de jovens como essa.

No mesmo dia, o evento também ofereceu oficina de circo , oficina de danças populares e outras apresentações musicais , como o Fino Coletivo e Biquíni Cavadão.

A noite terminou com o Arpoador na certeza de que o bom filho à casa torna; e as ondas são testemunhas.

Um poeta atemporal

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“Parece que os séculos/cuidam dos castelos/que no alto das montanhas/são o sonho das pedras/ou o desejo das nuvens./Escrever é uma pedreira./Se me atirasse daqui/de uma de suas torres de marfim/cairia, talvez/inteiro/em corpo reduzido/na página de qualquer jornal./Escrever é uma pedraria.” 
— Matéria – Armando Freitas Filho


Você já pode ter encontrado este poema em italiano, inglês, francês, chinês, espanhol e até em alemão. Na verdade, foram pra essas línguas que obras do escritor Armando Freitas Filho já foram traduzidas.

Herdeiro do Modernismo, Armando — carioca e nascido em1940 — é considerado um dos principais expoentes da poesia  brasileira. Vanguardista, seu trabalho é estudado por especialistas como Heloísa Buarque de Holanda, Flora Süssekind e José Miguel Wisnik, de sua primeira publicação , “Palavra, poesia”, de 1963, até sua última: "Lar", de 2009 que foi premiado pelo Jabuti e pela Portugal Telecom. Ganhador do Prêmio Jabuti de 1986 de poesia com o livro 3x4, o poeta diz, nessa entrevista ao Etc.e.Tal, “precisar crer” que sua poesia evoluiu com o tempo, explica que Paulo Coelho e literatura não tem nada a ver, levanta uma questão sobre o Prêmio São Paulo de Literatura, o maior prêmio  em dinheiro do país, e fala sobre seu desejo de lançar seu próximo livro de poemas em 2013.


Armando foi pesquisador da Fundação Casa de Rui Barbosa, pesquisador na Fundação Biblioteca Nacional e assessor do gabinete da presidência da Funarte, onde se aposentou.
Créditos da foto: Cristina Barros



Etc.e.Tal. – Armando Freitas Filho
Por Bruno Almeida

Etc — Armando, na sua opinião, por que lá fora se degusta Paulo Coelho aos montes enquanto Drummond timidamente só vem sendo descoberto agora?
Armando — Paulo Coelho não tem nada a ver com literatura. Não há, propriamente, degustação, mas sim uma talagada de bebida ordinária, que sai na urina, imediatamente. Num país como nosso, periférico ainda, e por causa disso, um poeta com a grandeza de Carlos Drummond, aí sim, a degustação pode tardar, até mesmo aqui, dado a complexidade, quanto mais lá fora, mas não falhará. Faltam, a meu ver, traduções melhores do que as existentes. É uma pena, pois a literatura universal é que perde, não “conhecendo” Drummond, Bandeira, Cabral, Gullar, por exemplo. O Brasil melhorando, como está, como país, vai facilitar esse conhecimento. Dessa vez, nós é que estamos na frente, e eles, tardios.

Etc —
Com mais de 40 anos de estrada, vindo depois da geração de 45, e passando pelas vanguardas que vieram posteriormente, pode-se dizer que Armando Freitas Filho estaria no hiato de uma classificação poética cronológica para outra? Como definir seu trabalho?
Armando — Minha geração bebeu direto na fonte abundante e libertária da Semana de Arte Moderna de 22: em Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Carlos Drummond, principalmente. No que me diz respeito, preferia mais a prosa de Oswald de Andrade: Memórias sentimentais de João Miramar e Serafim Ponte Grande do que a poesia dele, que sempre me pareceu datada, um interessante ponto de partida, mas não de chegada, digamos assim. A geração de 45 era desprezada: como levar a sério uns poetas que faziam passeatas ao túmulo de Olavo Bilac para homenageá-lo e ressuscitar o soneto, ou coisa que o valha? O poeta depois dos modernistas que nos interessava – e muito – era João Cabral, que se era um poeta cronologicamente de 45, diferia substancialmente dos seus companheiros. Assim como um chipanzé difere de um homem. Na composição do DNA, pouco, mas na performance, muitíssimo. O poeta de vanguarda que me importava naqueles idos, meados dos anos ’50, era Ferreira Gullar, como me interessa até hoje, como poeta tout court. Seu livro A luta corporal (1954) foi um real acontecimento. O trio paulista: Haroldo, e Augusto Campos mais Décio Pignatari era chato, mecânico, arbitrário. Diziam que o ciclo histórico do verso tinha acabado. Que bobagem! A melhor poesia que se fazia – e que perdura até hoje com força idêntica, se não maior – era a que era escrita por Bandeira, Drummond, Murilo e Cabral, toda ela em inesquecíveis versos livres. Ao me filiar, convidado por Mario Chamie, na Instauração Práxis o fiz por duas razões: dos movimentos de vanguarda era o que tinha uma pegada política mais forte, e, principalmente, não tinha abandonado a sintaxe, o discurso, que não era nem um pouco discursivo, ou condoreiro. Portanto, não me vejo num hiato, mas numa sequência lógica.

Etc —
Medo, morte. Quais outras palavras fazem borbulhar suas poesias?
Armando — Todas as palavras; essa, pelo menos, é a ambição.

Etc — A
os 71 anos e com quase 50 de carreira, qual a maior mudança que pode assinalar na poesia de lá pra cá? E nas suas obras, muita coisa mudou?
Armando — A maior diferença que percebo é que a poesia de hoje, em geral, com o advento da internet, tem um campo maior para se expandir, de ser lida, enfim. Mas, o público leitor não cresceu da mesma maneira. Concordo com o Paulo Henriques Britto que estimou que mil pessoas no Brasil leem poesia, verdadeiramente. O Prêmio São Paulo, o maior prêmio literário em dinheiro do Brasil (200 milhas) só premia ficção: de autor estreante e de autor consagrado, com a mesma quantia. Por que não premia poesia, porque vende pouco? Se for por isso, o prêmio visa mais o mercado, mesmo incipiente, do que a cultura, o que não é louvável. Quanto a minha poesia, preciso crer que ela evoluiu com o tempo. Mas quem pode falar sobre isso com a isenção possível é a crítica.


Etc —
Da nova geração, ou dos mais recentes, qual poeta mais lhe agrada?
Armando — Citar nomes é sempre uma armadilha. Sempre fica faltando alguém. Por isso, vou citar, somente, os três mais moços que tive a sorte de acompanhar, nenhum com mais de 25 anos: Alice SantAnna, com Dobradura; Laura Liuzzi, com Calcanhar; Sylvio Fraga Neto, com Entre árvores, que vai ser lançado em junho próximo.


Etc —
Quanto ao futuro: trabalhos, novas caras, novas tendências, há algo que acha e que possa falar?
Armando —As caras novas já nomeei, juntamente com as novas tendências que enxergo neles. Acho que os três poetas que citei anteriormente são um ótimo exemplo da novíssima poesia. Claro que não são só eles; eles são aqueles que melhor conheço e pratico. Cada um tem o seu jeito, o princípio de um estilo próprio, que se firmou segundo minha aposta e o meu modo ver.Quanto à minha poesia posso dizer que pretendo, em 2013, quando completarei 50 anos de poeta publicado, lançar um novo livro de poemas.

Etc —
Quando nos comunicamos por e-mail, cometi a enorme gafe de me dirigir ao senhor como “armanado”. Em seguida pedi desculpas que o senhor prontamente concedeu, brincando que nem tinha percebido e ainda assinou um dos email's mandando abraços assinando como 'Armando, Armanado ou Armado”. Hoje, quem é Armando Freitas Filho?
Armando — Armando, Armanado, Armado.


Etc —
Sr. Armando Freitas Filho, sempre nas entrevistas do Etc.e.tal, haverá espaço para o entrevistado dizer o que quiser, no final da matéria, se isso não foi possível por meio das perguntas. O que você tem a dizer...
Armando — É que estou satisfeito com as perguntas. Espero as ter respondido satisfatoriamente.

Cesar Ladeira Quem?

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Ruy Castro : “como diz o Ivan Lessa, “De 15 em 15 anos o Brasil esquece o que aconteceu nos últimos 15 anos”.




No ano em que completaria 80 anos do início de sua carreira profissional, Cesar Ladeira é mais um a  entrar no time de personagens nacionais esquecidos. Contratado em 1931 como locutor da Rádio Record, em São Paulo, Cesar alcançou o reconhecimento em 1932, quando inclinou suas transmissões em prol da Revolução Constitucionalista.


  Cesar Ladeira nasceu em Campinas, 11 de dezembro de 1910 e morreu em 1969


No ano seguinte, em sua nova emissora, a Mayrink Veiga, agora como diretor artístico, além de locutor, Cesar Ladeira começou a inovar no jeito de se transmitir e fazer rádio. Logo na sua chegada, ele deu ao cantor Gastão Formenti o primeiro contrato a ser assinado profissionalmente no rádio brasileiro. Dividiu a programação  como se estivesse produzindo um jornal, dividindo-a em horários especializados e criando para os cantores slogans artísticos como “A Pequena Notável” para Carmen Miranda, “O Cantor das Mil e Uma Fans” para Ciro Monteiro.


Por onde quer que fosse, Ladeira levava suas inovações e seu sucesso, como prova a história de sua contratação pela Rádio Nacional, segundo o escritor e jornalista Ruy Castro “Em meados dos anos 40, ele foi comprado pela Rádio Nacional e isso contribuiu para o declínio da Mayrink e a subida da Nacional.”


Ruy Castro, escritor e jornalista, assina atualmente uma coluna na Folha de São Paulo.


Ladeira tem sua importância para a mídia brasileira ampliada uma vez que o nosso jeito de fazer televisão foi inspirado pelo nosso rádio e mesmo assim, seu nome não se encontra entre os os grandes ícones da história da tevê brasileira:  “A televisão americana veio do cinema. A brasileira, do rádio. Não sei por que falamos tanto de Chateaubriand e tão pouco de Cesar Ladeira. Eu, por exemplo, no “Carmen”, acho que nem citei o Chateaubriand; só falei do Cesar”, diz Ruy (“Carmen” é a biografia da famosa cantora da década de 40. Além desta, Ruy Castro assina também livros e outras biografias, como: “O Anjo Pornográfico” ,de Nelson Rodrigues e “Estrela Solitária”, de Garrincha, entre outras). Quando pergunto sua opinião sobre a amnésia nacional pelos ídolos, ele recorre a outro jornalista: “Como diz o Ivan Lessa, “De 15 em 15 anos o Brasil esquece o que aconteceu nos últimos 15 anos”.

Para o escritor, que assume não assistir a televisão aberta(esse possível produto de Ladeira), a não ser “para ver DVDs de filmes dos anos 70 para trás e para ver futebol” e que passa anos sem assistir o “Jornal Nacional”, a possibilidade de um profissional deste calibre aparecer novamente não é impossível “Se um novo Cesar Ladeira aparecer, ele vai aparecer, com ou sem espaço.”

Resta torcer para que os que vierem não tenham o mesmo destino ao quase anonimato que Cesar Ladeira teve.