agosto 2013

O Papa se foi

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O mestre e jornalista Alberto Dines acaba de falar agora, segunda-feira, dia cinco de agosto de 2013, no programa chamado Roda Viva, da TV brasil, que hoje entrevista representantes do mídia NINJA , que eles poderiam se posicionar e explorar mais o assunto da visita papal ao Brasil, ocorrida nas últimas semanas, recheada de incongruências e fatos inusitados. 

A mídia NINJA é mais uma das variadas e novas formas de comunicação que cada vez mais tende a crescer dada as novas tecnologias e forma de se comunicar. Criada no meio de militantes nos últimos protestos ao longo de todo Brasil, por meio da internet dedica-se basicamente a cobrir pautas envolvendo justiça e engajamento político, social e cultural. Vale dizer que os criadores e representantes desse novo ativismo midiático feito online, on time e full time, graças a praticidade e acessibilidade dos novos gadjets, são declaradamente de convicções políticas socialistas e/ou comunistas. 

Disse ele, o Dines, jornalista famoso, lenda viva, que não consegue entender num estado laico um feriado de quatro dias por motivo da visita do Papa, motivo puramente religioso. Acerca disso, penso que devemos levar sempre em consideração se estamos enlatando ou empobrecendo ignorando as variantes da visita de um representante espiritual, líder de Estado e Papa — deixo aqui claro que não sou católico e me considero longe disso.  Temos que entender que um estado laico não é laicista, e nem por ser laico tem o direito de cercear o que não é, assim como não pode de forma equivocada usar sua autoridade para promover ou denegrir o que quer que seja. Contudo, se estamos numa democracia (em teoria) representativa, onde democraticamente foram levantados representantes do povo, onde essa maioria é católica, não é uma questão de ferir o que é laico ou não, é sim uma questão simplesmente de maioria, bom senso e funcionamento do sistema. Ademais, uma visita dessas, mobilizando milhares de pessoas não pode ser ignorada por esse argumento. É sempre bom lembrar que de acordo com o sociólogo francês Émile Durkheim,um dos pais da sociologia, entre as cinco bases que sustentam a sociedade está a religião com papel fundamental de manutenção da ordem e progresso.

Essa é mais uma prova de que estamos perdendo o tom nessa conversa de ditadura dos ofendidos ou governo das minorias. Hoje pasteurizamos a noção do coletivo, deixando de lado a ideia de sociedade, ignorando que somos um povo e nos reconhecendo somente como massa, esquecendo que somos cidadãos. Quando dirijo meu voto setorizando e visando somente meu benefício próprio, quando não reconheço minhas raízes e pratico uma mentalidade colonizada, fazendo papel somente de massa de manobra ante aos poderes não exercendo minha cidadania. Injustiça não pode ser confundida com preferência. Estado laico não é contra manifestações religiosas e democracia não combina em instância alguma com interferência estatal na filosofia, religião ou expressão do indivíduo. Ademais, o Papa já foi até embora, diferente dos nossos problemas, que querem continuar por muito mais tempo.