fevereiro 2013

Ah Lek Lek Lek

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Com "a nova sensação" do funk no rio de Janeiro, que já dominou da titia ao vovô, fazendo cada vez mais sucesso, vale a pergunta: Porque cada vez falamos menos, com abreviaturas e de forma diferente?

Apesar das novas tecnologias estimularem a comunicação, para Claudio Correia, doutor em comunicação, há uma diminuição na qualidade da escrita nesses novos meios

Leia a matéria que tenta explicar "ah lek lek", "Shimbalayê" e outros tais abaixo.


Ouça a peça "Ah Lek Lek" AQUI (se recusar, parabéns, faça esse favor)

“Nesta época, o ser humano habitava cavernas, muitas vezes tendo que disputar este tipo de habitação com animais selvagens. Vivia da caça de animais de pequeno, médio e grande porte, da pesca e da coleta de frutos e raízes. Usavam instrumentos e ferramentas feitos a partir de pedaços de ossos e pedras. Nesta fase, os seres humanos se comunicavam com uma linguagem pouco desenvolvida, baseada em pouca quantidade de sons, sem a elaboração de palavras.” Fonte: Wikipédia, sobre a Era Paleolítica compreendida entre 500.000 a 18.000 anos antes de Cristo.

                                                                       ......

Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar
Shimbalaiê, quando vejo o sol beijando o mar
Shimbalaiê, toda vez que ele vai repousar”  -  
Shimabalaiê, maior sucesso da jovem cantora nacional Maria Gadú.

                                                                       ......


“Que Tesão! Nossa!
Que Balão! Que Melão!
Que Capusão! E tudo Ão!...
Refrão: IMIAUAHAIRLKJHAKSJOQIAAIU (Choramingando)” –
"Sem noção", música de Latino que conta a aventura de um homem que seduz uma mulher choramingando.

Recentemente, um programa desses da madrugada entrevistava um renomado professor de lingüística. Em pauta, sua mais recente obra. Dado momento, o professor comentou que a evolução da linguagem se dá pela praticidade e objetividade que ela alcança, citando o exemplo da palavra você, que é uma palavra derivada do intitulamento “vossa mercê”, usada antigamente e que foi se transformando até chegar no atual você, passando pelas formas de sucessivas contrações de vossemecêvomecê e vancê.

Não há como não lembrar da internet e suas linguagens e técnicas usadas nas contrações de palavras e objetividade de comunicação. Para Claudio Correia, Professor Adjunto da Universidade Federal do Amazonas / UFAM, doutor em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo / PUC-SP e Mestre em Lingüística pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro / UERJ, graças aos novos meios de comunicação, as pessoas passaram a usar mais a escrita como um instrumento funcional para se comunicarem.

— Nunca a humanidade escreveu tanto como agora graças ao advento das mídias digitais e da comunicação em rede! De certa forma o uso excessivo da escrita nesses ambientes virtuais nos faz pensar sobre um conceito no campo da linguística o qual dizia que se priorizava o uso da fala em detrimento da escrita devido a sua funcionalidade. Mas nos ambientes virtuais de interação o que encontramos é exatamente o contrário: a prioridade é o uso da escrita, e não o da fala e isso coopera para a criação desses neologismos e contrações. — disse o professor. 






Professor Claudio Correia no evento "Estudos em Semiótica", organizado por ele





O doutor em comunicação afirmou também que o grande número de dispositivos digitais como notebooks e celulares incentivam a população dos grandes centros mundiais ao desenvolvimento do hábito da escrita.

— Tirando o tablet, que é bem recente, atente para o fato de que outros dispositivos servem muito mais para a escrita do que para a leitura.

Para Claudio, outra característica que pode ser percebida além da forma, é o conteúdo  de como nos comunicamos. Não raramente novos jeitos de comunicação são vistos migrando da internet para a tevê, para músicas e para a linguagem oral das pessoas.

— Em todo esse contexto de novas formas de se comunicar, pode ser percebido uma diminuição na qualidade do que está sendo escrito pelas pessoas: tanto no plano dos conceitos, como no plano das regras e normas da própria língua.

Algumas transformações na linguagem nos remetem a pergunta “que fim levará isso tudo?” Com formas cada vez mais contraídas, a ainda vasta língua portuguesa praticada no dia-a-dia parece cada vez mais se sintetizar em poucas palavras que carregam signos ‘genéricos’ para inúmeras coisas. As canções no início do texto (“shimbalaiê”, palavra inventada pela autora sem significado algum e o “choramingo” do Latino) fazem acreditar que apesar de nos comunicarmos mais em quantidade, a qualidade não se faz presente. O Mestre em Linguística Claudio explica que a questão não é bem essa:

— A questão de repetição e ausência de um conteúdo ideológico nas músicas está relacionado com o caráter icônicoª do uso da linguagem na música. Essas músicas trabalham com a iconicidadeª e com o nível de semelhança entre sons e sílabas das palavras. O que está realmente em jogo nestas músicas é a sua sonoridade, e não seu conceito.

Após ouvir essas canções, ainda vale ficar a indagação se será uma surpresa se um dia voltarmos aos grunhidos emitidos pelos homens das cavernas para falarmos uns com os outros...

ªiconicidade :O substantivo (nome) feminino iconicidade significa, em linguística, «semelhança existente, em certos signos linguísticos, entre a forma e a coisa representada, o que ocorre em onomatopeias (p. ex.: atchim, tique-taque), e palavras onomatopaicas (p. ex.: sussurrar, zumbido)» e, em semiologia, «propriedade que tem o signo icônico de representar por semelhança o mundo real (quanto maior o grau de iconicidade de um signo, tanto menor o seu grau de abstração ou esquematização)».
[Fonte: Dicionário Eletrônico Houaiss]

"Não existe uma receita a seguir na arte"

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Cuenca lançou seu último livro que faz parte da coleção "Amores Expressos"
Ele é figura importantíssima no "Estúdio I", na GloboNews, às tardes. João Paulo Cuenca comenta literatura e outros assuntos relacionados à arte,  no programa comandado por Maria Beltrão. Na entrevista abaixo segue um pouco mais do lado A do escritor que alcnaçou relativa fama exercendo seu lado B, como comentarista.


Nascido em 1978 e formado em Economia pela UFRJ, o escritor João Paulo Cuenca, autor dos romances “Corpo presente “(Planeta, 2003) e “O dia Mastroianni” (Agir, 2007), e mais recentemente”O único final feliz para uma história de amor é um acidente”( Companhia da Letras) protagoniza a semana do Etc.e.Tal.. Seu último livro faz parte da coleção “Amores Expressos”, projeto que reuniu 17 escritores brasileiros de três gerações e os mandou por um mês para os mais diversos destinos para se dedicarem a colocar as histórias de ficção que foram criadas durante o período de imersão no papel. JP, como costuma assinar, foi para Tóquio e narra em “ O único final feliz(...)” uma história de amor perturbadora com narradores surpreendentes, como uma boneca erótica. O menino que aos 4 anos colava imagens em um caderno que chamava de livro, foi o autor do seriado “ Afinal, o que querem as mulheres?”, sucesso da Globo no último ano.

Segue a conversa com o escritor que tem uma visão peculiar de sua 'profissão: " Não considero literatura uma carreira. A paixão pelos livros começou em casa. Por sorte, sempre tive uma boa estante de livros para escalar."


Cuenca é atualmente colunista no programa Estúdio i, da GloboNews





Etc.e.Tal. – João Paulo Cuenca
Por Bruno Almeida 


Etc —O que diria aos que desejam se aventurar como escritores? Há uma receita a seguir?

Cuenca —Eu diria que desistissem enquanto é tempo. E não existe receita em arte.


Etc —Aos 24 anos, você já tinha livro lançado com sucesso de público e crítica e escrevia no JB. Em 2007, foi selecionado pelo “Festival de Hay” e pela organização do “Festival Bogotá Capital Mundial do Livro” como um dos 39 autores mais importantes da América Latina com menos de 39 anos. Como foi lidar com isso? 
Cuenca —Não acho que um escritor deva dar muita importância a esse tipo de repercussão. O sucesso e o afago da crítica são altamente corruptores e acreditar nisso só vai te fazer um sujeito preguiçoso. E a lista é apenas uma lista. Foram 4 brasileiros escolhidos e poderiam ter sido outros 4. Especificamente sobre os 39 de Bogotá, lidar com isso foi muito agradável. Pude estabelecer contatos com outros 38 escritores latino-americanos que jamais conheceria de outra forma.

Etc —Para escrever o último livro, você foi a Tóquio, cidade onde se passa o romance. Foi mais fácil escrevê-lo do que se não tivesse ido? Qual é a diferença de escrever um livro quando se conhece o ambiente em que a história se passa?

Cuenca —Teria sido impossível escrever esse livro sem a viagem. Seria outro. Muito mais importante que a pesquisa factual foi o fato de viver o processo criativo sob a influência de novas cores, sons e pessoas. Dito isso, não acredito que para escrever um livro sobre qualquer lugar é importante visitá-lo. Mas visitá-lo cria uma experiência nova, que pode ser traduzida em texto.


Etc —
Algumas pesquisas dizem que capas e títulos macabros, ou coisas do gênero, vendem menos em relação aos demais. Leva isso em consideração na hora de escrever?

Cuenca —Jamais.


Etc —
O voyeurismo é uma marca na obra do mestre inglês Alfred Hitchcock. Para escrever “O único final feliz”, se inspirou nele de alguma forma? Hitchcock tem alguma influência na sua literatura?

Cuenca —Não. O voyeurismo é algo que os seres humanos, japoneses ou não, praticam desde que existe o desejo. 



Etc —
O Dia Mastroianni
 é o seu segundo romance. Trata-se do relato do cotidiano de dois jovens hedonistas, sem trabalho, que usufruem de uma desafogada situação financeira. Um deles ambiciona tornar-se um escritor de sucesso. Tirou algo seu para colocar neste personagem?

Cuenca —Quem dera. Nunca tive desafogada situação financeira e não me considero um escritor de sucesso. O que tirei de mim para compor esse personagem foi apenas a sua estupidez adolescente. De alguma forma, trata-se de um acerto de contas com o passado.



Etc —Solidão, distanciamento um do outro e superficialidade de sentimentos são temas presentes no seu trabalho. Alguma razão especial?
Cuenca —São temas da contemporaneidade. O mundo anda povoado por multidões de solitários.


Etc —
Quem são seus escritores preferidos?
Cuenca —Varia de acordo com o livro que estou escrevendo. Não tenho uma lista.



Etc —
Como tem sido a repercussão de seus livros no exterior?
Cuenca —Boa. É interessante notar como o contexto de uma sociedade influi na leitura de uma obra.


Etc —Qual dos seus personagens mais se parece com você? Se é que algum se parece.
Cuenca —A boneca Yoshiko — Yoshiko é uma boneca erótica descrita no livro “O Único Final Feliz...”



Etc —
Os escritores parecem escrever pelo compromisso de não ter compromisso com ninguém, a não ser com si próprios. Acha possível ser livre tendo de cumprir prazos e compromissos? A sensação de liberdade que sente hoje quando escreve é a mesma de quando escreveu o primeiro livro?
Cuenca —Não existe liberdade confortável. Quando escrevi meu primeiro livro, sequer sabia se seria publicado. Hoje em dia, preciso criar esse espaço (de desistência possível, de solidão etc.) toda vez em que sento para escrever.

Etc —Já tem alguma previsão de próximo romance?
Cuenca —Comecei a escrever, mas ainda não quero falar do que se trata.

Etc — Sempre nas entrevistas do Etc.e.tal haverá espaço para o entrevistado dizer o que quiser, ao final da matéria, se isso não foi possível por meio das perguntas. O que você tem a dizer...

 Cuenca —acredito que um escritor escreve a literatura que pode. Ele é feito mais dos seus defeitos e limitações do que o contrário. Literatura é ruído.



*O Etc.e.Tal revisita a entrevista com Cuenca, concedida no final do ano passado.

Morre Jim Carrey?

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Sites e agências de notícia espalham essa notícia, será verdade?

http://jim.carrey.mediafetcher.com/news/top_stories/actor_skiing.php

Filho de peixe...

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"Caso os brasileiros não se decidam pela análise da história e a pensar além do que dizem alguns setores da mídia, breve nos tornaremos uma segunda Venezuela. Já temos nosso Chávez"


Recentemente a entrevista do Pr. Silas Malafaia deu o que falar no programa da apresentadora Marília Gabriela. Ele foi taxado de retrógrado, intolerante e até homofóbico por suas declarações sobre sua posição ante o homossexualismo e suas convicções sobre o projeto de lei "PL 122", que teoricamente pretende transformar a homofobia em crime. Para os mais informados, é notório que o Pr. não está nessa empreitada pela não aprovação da lei sozinho. Com ele, encontram-se também a família Bolsonaro, conhecida por suas fortes convicções. Abaixo, segue uma entrevista com um dos representantes da família,feita há alguns meses, contudo atual devido ao contexto.

A família dele parece ter faro por polêmica. Não pela gratuita, louve-se esse ponto, mas pela polêmica forma de proteger e defender seus ideais. Desde o início do ano, seu pai, o dep. Federal Jair Bolsonaro (que conseguiu 120 mil votos na cidade do Rio de Janeiro nas últimas eleições e, pasmem, já foi preso durante quinze dias por ter liderado uma manifestação por melhoria dos soldos dos militares, quando capitão, além de já ter sido intitulado como indigno de um oficial de exército por conta de sua postura protestante) se vê sendo acusado de homofóbico, preconceituoso e outros etceteras.

O dep. Estadual Flávio Bolsonaro, filho do homem referido acima, já mostrou que honra a família. Entre suas posições polêmicas estão, por exemplo, a redução da maioridade penal, a defesa de pena de morte contra crimes hediondos e a luta contra as cotas raciais nas universidades. Em sua curta, porém já movimentada carreira política — Flávio tem 30 anos e é dep. Estadual pelo Rio desde 2003 — ele requereu a criação de Comissão Especial que acompanha o cumprimento da Lei de Transparência nos gastos públicos no Estado e no Município e foi presidente da Comissão de Segurança Pública da ALERJ, quando foi destituído do cargo, segundo seu site, “por ter causado desgaste ao Governo do Estado por investigar a influência do então Secretário Estadual de Esporte e Lazer, Chiquinho da Mangueira, junto ao 4º BPM, para que as ações ostensivas da Polícia Militar fossem reduzidas no morro da Mangueira, pois estariam atrapalhando o comércio de drogas local.”

Na entrevista abaixo, Bolsonaro realça que é incentivado em suas posições apenas pela busca de igualdade entre todos. Quando perguntado se desejaria que vivêssemos numa ditadura afirma que “ isto não é preciso... Estamos caminhando a passos largos nesse sentido. Caso os brasileiros não se decidam pela análise da história e a pensar além do que dizem alguns setores da mídia, breve nos tornaremos uma segunda Venezuela. Já temos nosso Chávez” , além de nos convidar a examinar todos os grandes jornais do dia 1º de abril de 1964, época do golpe militar, para que se veja que todos eles enalteciam o acontecimento. De fato, “Ressurge a Democracia! Vive a Nação dias gloriosos. Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares que os protegeram de seus inimigos” “- O globo ; “A população de Copacabana saiu às ruas, em verdadeiro carnaval, saudando as tropas do Exército. - O Dia ; e a “A paz alcançada.” do O Povo são algumas das manchetes do dia. 
Confira a entrevista desse deputado que, na última semana foi vítima, segundo o próprio, da “patrulha do politicamente correto e dos preconceituosos que colocaram palavras em sua boca” sobre o caso da juíza Patrícia Lourival Acioli, da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo (RJ), morta a tiros na madrugada desta sexta-feira (12), quando ele colocou em seu twitter que ela "humilhava gratuitamente réus", o que teria, segundo ele, contribuído para que ela tivesse inimigos. O que no mínimo, pegou mal...





Etc.e.Tal. – dep. Estadual Flávio Bolsonaro
Por Bruno Almeida


Etc —
 De acordo com algumas teses de sociologia, a sociedade ocidental se baseia em alguns pilares,  dentre os quais situam-se religião, leis e família. Segundo seu entendimento, consoante a linha de pensamento de seu pai, Deputado Federal Jair Bolsonaro, o “PL 122” pode ser considerado um risco à família brasileira ou um problema para algum dos referidos pilares?

Bolsonaro —
 Se adotada a premissa constante da questão formulada, provavelmente relacionada aos círculos concêntricos propostos por George Jellinek, onde a religião, a família e as leis seriam instrumentos de controle social – destinados a permitir a vida em sociedade, de fato, diplomas como o PL 122 poderiam constituir-se em graves problemas sim - menos pelos aspectos morais ou éticos nele contidos, que pelo desequilíbrio jurídico ali estabelecido. Efetivamente transformado em lei, o referido diploma, além de situar o público GLBT em condição de enorme “vantagem” legal sobre todos os demais cidadãos, abriria precedentes para injustiças, abusos e fraudes.
O arcabouço jurídico em vigor já protege a TODOS os cidadãos e assim deve ser. Não seria coerente ou justo, em nome do combate ao preconceito, criar instrumentos ainda mais segregacionistas ou preconceituosos.



Etc —
 Levadas em consideração ditaduras como a uruguaia e argentina, poder-se-ia dizer que, em relação à estas, a brasileira tenha sido mais branda em todos os sentidos? O Sr. Gostaria de reviver a ditadura brasileira atualmente? Por que?

Bolsonaro —
 Antes de mais nada, é interessante observar o contexto histórico dos fatos. Caso V. Sª. tenha o interesse em fazer uma pesquisa mediante o uso da “internet”, consultando TODOS, repito, TODOS, os jornais de grande circulação do dia primeiro de abril de 64, e dias imediatamente seguintes, verificará que houve festa em todas as capitais quando do êxito do movimento de 31 de março. Perceba que não há como questionar a liberdade de imprensa no período referido, uma vez que o país vivia à margem de uma convulsão social que, pretendiam alguns, levaria ao estabelecimento, aqui, de uma ditadura comunista aos moldes de Cuba. Por favor, não acredite em minhas palavras, leia os jornais e revistas da época. Assim, aqueles que tiveram seus propósitos impedidos pelo movimento jamais foram democratas e tinham seus planos financiados e cuidadosamente orientados pela antiga URSS, pela China e por Cuba. Tal fato não pode ser escondido, embora exista um complô para torná-lo, com o tempo, em mentira. Basta a pesquisa dos currículos de homens e mulheres que, à época, atuavam na guerrilha, que aparecerão as referências aos cursos e períodos de “estudos” passados naqueles países.
Feito o preâmbulo acima, fica evidente minha discordância quanto aos males resultantes do movimento de 64. Afinal, vitoriosos os radicais de esquerda de então, estaríamos, de fato, vivendo uma ditadura – ou alguém concorda com o ex-Presidente Lula, seus principais ex-Ministros e com as principais figuras do atual governo quando afirmam que Cuba e Venezuela são modelos de democracia para a América?
Não há como negar que houve alguns excessos. Vale observar que, mesmo dentro da esquerda, ninguém jamais falou em mais de quinhentos desaparecidos. Se comparado ao número de pessoas que o próprio “herói” Che Guevara fuzilou pessoalmente, com sua colt .45, como, aliás, sentia prazer em fazer, ou com as dezenas e dezenas de milhares de mortos e desaparecidos na democracia cubana, de fato o que houve aqui foi muito mais brando. Mesmo durante o período mais duro do combate aos radicais de esquerda, o Judiciário seguiu funcionando e sendo respeitado e inúmeros foram os casos em que militantes da luta armada foram por ele libertados – apesar de terem praticados diversos crimes.
Não quero fazer comparações com Argentina, Uruguai ou outros países onde a implantação de ditaduras comunistas foram, igualmente, tentadas naquele mesmo período. Cada país tem sua realidade e vive seus próprios problemas.
Quanto a desejar a volta de uma ditadura, isto não é preciso... Estamos caminhando a passos largos nesse sentido. Caso os brasileiros não se decidam pela análise da história e a pensar além do que dizem alguns setores da mídia, breve nos tornaremos uma segunda Venezuela. Já temos nosso Chávez.



Etc —
 Duas semanas antes de sua eleição na Inglaterra, Tony Blair gangou uma eleição pública como “a pessoa mais odiada do país”. Ilustres como Saramago diziam que vivemos numa “falsa democracia” aonde o povo não tem participação, a não ser a longínqua e ineficiente quando se trata de decisões. Para o senhor, nos moldes atuais, existe uma disfunção da democracia nacional?

Bolsonaro —
 Embora por argumentos distintos, entendo sim. Interessante observar que, ainda ano passado, havia quem defendesse, no próprio Congresso, a ampliação da participação popular como sinônimo de democracia. Alguns daqueles que defendiam tal tese, citavam, como exemplo, as consultas populares realizadas na Venezuela. Sobre tal proposta é prudente lembrar que seria impossível a realização de consultas populares ante cada necessidade. Ademais, o sistema enfraqueceria o sistema de representação, constituído, no Brasil, pelo Senado e Câmara de Deputados – facilitando, ainda mais, o estabelecimento de regimes populistas autoritários.



Etc —
 Sua família tem sido criticada negativamente por conta de polêmicas, quando, na verdade, um número considerável da população normal propaga ou concorda com a posição de vocês, só que verbalizando-a de uma outra maneira. Por que isso acontece? Somos uma geração hipócrita ou uma mídia tendenciosa?

Bolsonaro —
 Na verdade, os temas atualmente objeto de discussão ou polêmica somente passaram a ser abordados pelo Deputado Federal Jair Bolsonaro a partir do final do ano de 2010, tendo em vista impedir que segmentos do governo distribuíssem, nas escolas, material inadequado e tendencioso voltado ao público infanto-juvenil.  Os veículos de mídia utilizados pelo Deputado foram aqueles que lhe concederam espaço para a realização das denúncias sobre o fato à sociedade brasileira – que seria surpreendida pelas medidas em vias de implementação. Sobre as abordagens polêmicas ou sensacionalistas, constituem-se na única estratégia capaz de permitir ao Deputado driblar a censura imposta por boa parte da mídia e que impede a denúncia ou a discussão de temas que contrariam interesses de segmentos que, mercê das enormes quantias que envolvem a propaganda do governo e das estruturas que gravitam em torno do mesmo, vivem em discutível relação de interdependência.
Felizmente, com a divulgação permitida pelas denúncias do Deputado Bolsonaro, a verdade sobre o material veio à tona e a Presidente não teve outra saída que proibir a distribuição daquilo que o Deputado denominou como “kit gay”.
Quanto à sociedade, na verdade, sua esmagadora maioria é conservadora e pensa como o  Deputado Jair. Parece absurdo que segmentos da mídia e alguns políticos sigam ignorando o que pensam os brasileiros e insistam em distorcer o foco do discurso de Bolsonaro – como se fosse possível uma “lavagem cerebral” nos brasileiros no sentido da adoção das teses dos ativistas do grupo LGBT. O fato é claramente perceptível quando, a cada crime praticado contra homossexuais  surjam, imediatamente, associações dos fatos com a figura de meu pai – que jamais foi homofóbico ou defendeu a violência, limitando-se a manifestar sua opinião quanto aos riscos da inversão de valores que pretende atribuir virtudes ou motivo de orgulho à homossexualidade. Aliás, praticar esta ou aquela opção sexual, por si, deveria ser motivo de orgulho? Nesse caso, o pai de Fernandinho beira-mar, a despeito da vida de crimes de seu filho, poderia vangloriar-se da formação do mesmo por haver resultado hétero!



Etc —
 Sr. Bolsonaro, o senhor pertence ao Partido Progressista, apesar de ser acusado de ter posições ultra-conservadoras, como ser contrário ao aborto. É um deputado notoriamente contra políticas assistencialistas. O que acha do governo do PT, até aqui, que antes, sempre militou contra essas atividades assistencialistas por parte dos demais governos, acusando-os de comprarem votos e hoje fazendo a mesma coisa?

Bolsonaro —
 Quem fizer uma retrospectiva sobre as posições do PT durante sua trajetória na vida política nacional perceberá, claramente, que esse partido já mudou, por diversas vezes, suas posições no que concerne aos mais importantes e “inegociáveis” pontos de sua linha. Ocorre que, quando, em algum momento, assumem posição oposta ou divergente de suas convicções históricas, o fazem apresentando justificativas que, raramente, são questionadas pelos militantes integrantes dos núcleos mais ideológicos e, invariavelmente, em atendimento aos interesses relacionados à manutenção, a qualquer custo, do poder e das fontes de arrecadação de recursos.  É simples, assim, o PT conseguiu instalar no país a maior estrutura de arrecadação de recursos, controle e concentração de poder jamais imaginada anteriormente. O triste é que o objetivo de tal esforço, que vem sendo perpetrado a qualquer custo (vide os incontáveis escândalos creditados ao PT) parece favorecer, tão somente, à perpetuação no poder do grupo nele instalado.



Etc —
 O senhor é evangélico, da Igreja Batista, o que tem a dizer sobre os deputados estaduais evangélicos que, recentemente, votaram favoravelmente ao PL 122, diferentemente do senhor?

Bolsonaro —
 Inicialmente, cabe uma correção: o PL 122 tramita em Brasília, no Congresso Nacional. Aqui na ALERJ foi votada a PEC 23 que pretendia modificar a redação do artigo 9º, § 1º da Constituição Estadual, de forma a acrescentar no texto a expressão “orientação sexual”. Ao votar, desde o primeiro momento, considerei os riscos decorrentes de inserir conteúdo desnecessário e, na verdade, gerador de preconceito, no texto constitucional.
Sobre a votação, vale lembrar que a PEC é datada de 2007 e, coincidentemente, foi colocada em pauta no momento em que o governo do Rio lançava um programa contra a homofobia que recebeu milhões de reais em investimento – recursos que, certamente, fariam grande diferença se aplicados na caótica condição em que se encontra a rede de atendimento à saúde.
É prudente observar que uma PEC, para ser aprovada, necessita, obrigatoriamente, passar por duas votações – exatamente para que os legisladores confirmem estarem votando corretamente ou reavaliem suas posições.
Assim, na primeira votação, apenas eu e o Deputado Estadual Edson Albertassi percebemos os riscos do Projeto – inserido em um contexto nacional voltado ao estabelecimento de privilégios para determinado segmento em virtude de sua orientação sexual. Como se não bastasse a separação dos brasileiros por raças,  mediante injustos critérios de cotas, pretende o mesmo grupo, interessado na dissociação do sentimento de brasilidade e na destruição dos valores que alicerçam o Estado brasileiro, criar nova separação – agora pela preferência ou opção sexual.