Uma em cada cinco famílias brasileiras está endividada.

Uma em cada cinco famílias brasileiras está endividada.

Ed René Kivitz é graduado em teologia e mestre em ciências da religão
A manchete assustadora pertence a matéria do jornal O Globo, que pode ser lida aqui, faz pensar...

Acabo de ouvir Zigmunt Bauman por 30 minutos, em entrevista concedida a Sílio Boccanera, para o Programa Milêmio, da GloboNews.
Dos interessantes comentários a respeito do que Bauman chama de “revolução cultural”, tive alguns insights.

Na verdade, dois. E ambos parafraseando o “penso, logo existo” de Descartes. Vivemos dias de “devo, logo existo”. Bauman disse que na sociedade capitalista quem não consome, não existe. Deixamos para trás a caderneta de poupança: “consiga o dinheiro e compre o que que quiser”, e migramos para o cartão de crédito: “compre o que quiser e depois consiga o dinheiro para pagar”. O resultado dessa mudança de paradigma de consumo é a dívida. Mudou o ditado. Antes se dizia “quem não deve, não teme”, hoje se diz “quem não deve, não existe”, pois quem não deve não interessa aos donos do crédito. E quem não interessa aos donos do crédito está alijado da sociedade.

Além de “devo, logo existo”, vivemos dias de “sou visto, logo existo”. Essa é a versão imposta pela tirania das redes sociais. Quem não tem twitterblog,facebook está fora do horizonte de convívio social, cada vez mais virtual. A vida on-line substituiu a vida off-line. Vai crescendo o número de pessoas que deixam de existir assim que fecham seus computadores e desligam seussmartphones. Aliás, o mundo vai se enchendo de gente que jamais fecha o computador ou desliga o smartphone. Apavoradas com a possibilidades de não serem vistas, isto é, não receber comentários e recados no facebook, e não ver sua coluna de mentions do twitter crescer, as pessoas temem deixar de existir.

E Bauman conclui como somente os sábios: “não tenho capacidade nem conhecimento para avaliar o que isso significa nem como vai ser o futuro”. A entrevista se encerra com Bauman encolhendo os ombros e virando os beiços como quem diz “e agora, José?”.

Ed René Kivitz

2 comentários:

  1. Caramba, otimas ilustrações: “devo, logo existo”, “penso, logo existo”, ou seja, "dever ou não dever, eis a questão"...

    E é isso mesmo todos hoje em dia para tentar "ser" algo, procuram compra as "Grandes TV LCD", "Video Games" de ultima geração, Telefones que fazem tudos, tablets e Computadores de marca, que custam as vezes mais do que o salario do mês, só para estarem de acordo com o que a sociedade pede, parcelando em 10x, 12x 18x.. se endividando por mais de anos.... e apenas em poucos meses outro item mais legal é lançado deixando o anterior já obsoleto...

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  2. é, meu caro. Tudo hoje em dia é feito com a "obsolescência programada" uma data de validade que marca quando vc terá que comprar o item que está porvir. infelizmente isso é visto de uma forma errada por nós...Abc

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