E a ditadura sexual, hein?

E a ditadura sexual, hein?

Eu sou virgem. Tenho 23 anos e nasci em 24 de agosto de 1990. E segundo reza o horóscopo, meu signo seria virgem. Não creio muito nisso, respeito quem o faz. Sou virgem, dessa vez sim, legitimamente, quanto a sexualidade. Por escolha de consciência livre, ainda não tive minha tão famosa primeira vez. Motivos pessoais tenho alguns e sigo minha consciência e verdade. Até aqui, não tenho do que reclamar. Ja voltamos no assunto "virgindade".

Acabo de ver dois programas que reforçam as esperanças de qualquer um no bom jornalismo e mostram que a frase que diz que "o jornalismo morreu" pode ser interpretada de outras formas. O programa " A Liga", na bandeirantes, e o " Profissão Repórter", na globo, abordaram temas que tinham como ponto em comum o "protagonismo" pelos jovens. E, já que falamos de bom jornalismo, simples, mostrando apenas o " que é", os resultados das matérias são tristes e vergonhosos.

No primeiro programa vi um artista nato, com quem já tive a oportunidade de topar na rua, entregue e dominado pelas drogas e as consequências devastadoras dela. Uma obra, e principalmente uma vida que foi negociada com o vício. No segundo, vi o que todo mundo, sabendo, finge não saber: que perdemos a virgindade cada vez mais novos e em algumas cidade do nordeste a media é baixíssima, chegando aos 14 anos.

Não preciso dizer as consequências negativas que o sexo feito fora da hora com pessoas ainda imaturas traz. Qualquer um em sã consciência ou com o mínimo de sabedoria, por si só, sabe que uma menina e menino de 16,17 anos tendem mais a perder do que ganhar se iniciarem sua vida sexual de forma não planejada.

O que mais chama minha atenção é protestarmos por uma ditadura do consumo, ditadura das minorias, ditaduras ideológicas mas ignorarmos por completo a ditadura do sexo.

Confundimos sensualidade com pornografia e, aonde formos hoje, veremos quase tudo girando em torno do sexo. Nos esporte, na indústria de cosméticos, nas roupas, nas vendas de eletrodomésticos, nas buscas pelo IBope, nos talk shows. A mentalidade do sexo "quanto antes, melhor" tem literalmente feito nossa cabeça e moldado nossa forma de agir.

Vivemos indiretamente um incentivo à promiscuidade, pornografia, infidelidade, vícios emocionais, destruição da família e depois queremos fazer passeatas a favor da família ou liberdade sexual.

Não se pode ter liberdade sexual sem antes se ter consciência sexual.

Eu acredito que um dia nossas referências que estimulam e moldam nós jovens e nossos irmãos mais novos não serão "homens galinhas" nem "mulheres dadas". Não faço da minha virgindade um protesto ou bandeira, até porque, se você já não o é mais, a única coisa que tomo a liberdade para te encorajar é que, daqui pra frente, tome suas atitudes baseado além de somente suas emoções. Já se você, assim como eu, ainda esta construindo a sua vez, fique feliz, você não está sozinho.

Um comentário:

  1. Apesar de eu não ser virgem por vontade própria (não sou atraente e não consigo flertar com o sexo oposto), concordo seu ponto de vista. É sexo pra todo lado: novelas, clipes musicais e até nas comédias, sejam americanas ou brasileiras, não conseguem fazer rir sem apelo sexual nas piadas. Quase tudo que nos é ofertado como produto ou serviço tem direta ou indiretamente a noção de que seremos mais atraente comprando, assim conseguindo mais parceiros sexuais.
    É hipocrisia minha discordar da ditadura do sexo, sendo eu um grande consumidor e defensor da pornografia, mas acho que uma consciência, sim, deve ser adquirida. Não quero mais ver crianças cantando e dançando funk quando deveriam estar brincando. Enfim... Excelente testículo (texto pequeno, pode ver no Aurélio, e piada de duplo sentido, ha!). Parabéns.

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