Viver

Viver

A tradição Cristão ensina que para você ter uma vida saudável que possa ser considerada reta é necessário não adorar a nenhum outro Deus e amar ao mesmo acima de qualquer outra coisa. Há um único ser digno de ser adorado e um único digno do amor maior, da devoção suprema. Contudo, antes de qualquer coisa, se faz necessário entender o que é adoração. Em nosso idioma o ato pressupõe a veneração; no grego está relacionado a conotação de se aproximar do objeto adorado e beijar Sua mão; em hebraico, ajoelhar, dobrar-se diante do Senhor.

Existem muitos exemplos que mostram que a atitude de adorar pode ser feita de outras formas, acompanhada de vários ritos ou até em formatos subjetivos ou figurados. Não existe limite para a devoção, logo, não há a definição exata de adoração.

Há uma narrativa em um dos evangelhos da bíblia sobre uma mulher judia que com seu precioso dinheiro comprou um perfume valioso e o derramou gratuitamente aos pés de Jesus — o costume de derramar perfume aos pés de alguém ou sobre os lençóis só era habitual quando da noiva para o noivo na véspera das núpcias. Vendo aquela atitude, alguns levantaram a válida questão: "não seria melhor vender aquele perfume e alimentar os pobres?”. Jesus, que paradoxalmente quando queria ensinar perguntava, diferentemente de nós que quando queremos fazer o mesmo simplesmente afirmamos, perguntou o por que daqueles fariseus estarem enchendo o saco da pobre mulher, mostrando com essa reação que, quando se trata de adoração existe uma privacidade entre o adorador e o adorado, há uma ética inviolável que mostra a minha adoração como algo de fórum íntimo e a legitimidade do ato está relacionado a sinceridade do coração.

Entendendo esse princípio e levando em consideração a rigidez que nos norteia a uma fidelidade nessa prática, algumas vezes me pego imaginando o por quê nós que somos cristãos não levamos uma vida de adoração legítima. Muitas vezes somos sufocados de tarefas e afazeres necessários que nos impedem de montar uma vida diária com essa devoção. Uma vida é feita de dias, domine seu dia e você dominará sua vida, ensina a velha sapiência.

Muitas vezes me pergunto se o cotidiano, sendo algo pragmático, rígido, que esvazia tantos de suas energias e motivações, não seria o deus adorado de nossos dias. Talvez as metas e as pressões estariam roubando nosso alvo de adoração. Nossos objetivos e responsabilidades com trabalho e vida social estariam sendo o novo totem levantado num altar a cada dia da semana.

Uma das explicações do que seria adoração a Deus também é fazer o que não seria feito para mais ninguém. Há quanto tempo você não ora antes de dormir, se ajoelha em algum lugar, não sorri pro céu ou diz que ama ao seu Criador?

Pense nisso. Não deixe que o cotidiano massante ou a prisão das responsabilidades, por mais válidas que sejam, venham a assumir seu maior tempo de vida, seus melhores dias de vida, sua qualidade de vida e nem o sentido da sua vida. O sentido da vida é se relacionar com Deus. A forma, você escolhe.

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