E viva a internet

E viva a internet

Às vezes me pergunto se alguém na cidade maravilhosa está maravilhado com o conteúdo da nossa tevê. Maravilhado soa, talvez a você, exigente, pedir-demais, então satisfeito ou agradado seria melhor. Há de haver alguém, além dos envolvidos, que aprovaria a qualidade de informação e programação veiculada nessas concessões públicas que, em teoria, teriam como dever propagar com qualidade no formato e essência o interesse público e o interesse do público também.

Como gosto de perguntas, me pergunto se alguém está satisfeito com a saúde ou a segurança na cidade. E a política como um todo. Já me peguei perguntando-me sobre até a educação; e a religião, por quê não? “Será que Jesus assistiria a Record” pode ser considerado heresia...

Esse formato comunicacional, na era da informação não processada, mal interpretada, no século da comunicação após o boom dela na segunda metade do século passado tá dando o que falar e pode ser pauta para os Fantásticos e Globo Repórteres futuros da vida (se é que eles resistirão até lá).

Quando muito filosófico, paro e percebo que apesar da maioria das respostas levarem a um desagrado geral com a vida social na minha cidade, nada muda. O que me encoraja a perceber que as pessoas não gostam muito de se fazer perguntas. Uma vez entrevistei o Ruy Castro e ele me disse que se o Brasil não tivesse carnaval todo ano, então, já teríamos tido umas 45 revoluções. Faz sentido...

A novela por exemplo... A vida imita a arte, ou a arte imita a vida é a pergunta que ecoa pra todo dramaturgo. Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais, era o jargão daquela propaganda. O quê de bom, efetivamente, uma novela super bem produzida e interpretada, como as nossas, já proporcionou de bom para alguém que não está diretamente ligado a ela é outra pergunta que me veio a mente agora. Tirando os atores, os merchandising atrelados a iniciativa privada, a instituição que veicula os folhetins que ganham dinheiro, status e fama, o que o povo ou o público ganha com isso, me permita a interrogação nesse texto.

Se por um acaso há alguma discordância nesses pensamentos entre eu e você, sinta-se desafiado a procurar, na tevê aberta ou fechada (que é uma extensão ridícula da mediocridade exibida nos canais abertos) uma sequência de programas bem feitos e com conteúdo no mínimo unanimemente aceitável.

No jornalismo, por exemplo, parece cada vez mais existir uma maior margem entre a informação e o fato, obviamente por questões políticas, financeiras e de interesse. O que é triste, como todo jornalismo. Qual verdade há nas reportagens sobre as manifestações que assaltaram subitamente as ruas do Brasil, ou qual a verdade que há na cobertura política, na vigilância do poder ou na mediação entre o Estado e as pessoas, se pergunte agora comigo.

Na faculdade de jornalismo a qual faço, que surpreendentemente entrou em greve quase por todos os motivos possíveis, existe uma minoria de alunos acampados na reitoria. Em outras palavras é a síntese da crise do ensino superior ao longo do país , mas esse é outro assunto. Estive lá com meus amigos, prometi tentar fazer algo por nós. Conversei com assessores da secretaria municipal de educação, deputados estaduais, federais, ex-mantenedores da instituição pessoalmente ou por telefone e todos eles, sem exceção, informados pela tevê, estavam sendo enganados acerca da atual e verdadeira situação da faculdade, a mesma que foi objeto de matérias e mais matérias de um sem número de emissoras.

Alguém se atreveria a dizer até que o jornalismo televisivo é o maior programa de ficção que já existiu. Mas não é pra tanto, nem pra pouco. Zapeemos com nosso controle e no melhor da lei da oferta e procura acharemos conforto audiovisual. E viva a internet.

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