Internet, Música e Séc XXI

Internet, Música e Séc XXI

Desde o final da década de 1990, a indústria fonográfica e os próprios artistas atentam para a atividade de uma nova mídia (ou, como advogam alguns, um novo ambiente por onde novas e tradicionais mídias se convergem): a internet. No início da década de 20 — quando o rádio aqui no Brasil iniciava a sua era de ouro e deixava de ser um meio de comunicação somente de educação, e passava assim a ter uma identidade popular recheada de músicas — começou a se construir um modelo, uma receita perseguida pelos artistas para se alcançar o sucesso, e, igualmente, uma receita seguida pela indústria para se criar um sucesso.

Todo artista para então ser famoso com suas canções, necessariamente teria que passar pelo rádio (que desde sua época de ouro é um instrumento de massa e extremamente ágil na propagação de seu conteúdo). A fórmula consistia basicamente em ter uma canções nos moldes populares, criar uma identidade de ídolo em torno do artista, e, posteriormente, introduzi-lo em programas de televisão, sem, é claro, deixa de mencionar a necessidade de que ele figurasse no topo no ranking das mais tocadas nas emissoras do rádio. Colocada em prática essa receita básica, o resultado era o sucesso pessoal e o lucro para a indústria fonográfica. Confira uma entrevista sobre, Cesar Ladeira, um dos pioneiros na criação dessa receita de sucesso aqui.

Com a chegada da internet, muitos padrões no âmbito comunicacional mudaram, estão mudando e mudarão, e com o rádio não é exceção. A receita de sucesso e de lucro praticada desde o século passado, hoje mostra alguns sinais de 'desgaste' e insuficiência. Um dos maiores exemplos dessa mudança que está em seu início é a ascensão do artista não tendo sua primeira aparição num veículo de massa como o rádio. Um exemplo de relativo de sucesso é a banda carioca “Forfun”, que este ano lança seu terceiro álbum (todos independentes) numa casa de shows em São Paulo, e já tem agenda marcada até o final do ano em vários pontos por todo o Brasil. Toda divulgação do seu projeto foi, e continua sendo, tendo a internet como seu carro chefe. Outro exemplo recente é o clipe com mais de 800 mil visitas no Youtube: “sou foda”, dos Avassaladores. A idéia de fazer um vídeo e postar na internet os popularizou e já rendeu ao grupo uma aparição em tv aberta, no programa da Eliana, uma matéria de capa da revista jovem semanal do jornal O Globo, o de maior circulação do estado, e shows por diversas boates da Barra da Tijuca. Tudo conquistado sem a preciosa ajuda do rádio. Além desses, há inúmeros outros exemplos que surgiram e continuaram a surgir, como o artista francês, de sucesso no Brasil, Nicola Són. Veja aqui. Outro exemplo dessa 'democratização' de conteúdo que não fica restrita às grandes acordos entre gravadoras e emissoras ou jabás, é o "programa de índio", que é um conjunto de programas gravados, agora, acessível pela internet.


 
O grupo avassaladores conquistou espaço no mainstream por meio da internet


A partir dessa nova possibilidade de ter o trabalho visto, o mainstream começa a se organizar. Nesse novo formato de divulgação de músicas ( a rádio definitivamente atualmente não é o meio mais procurado para se conhecer novos artistas apesar de programas de sucesso como o faro mpb, da mpb fm), outro fenômeno ganha espaço também. Além dos downloads, há a criação de rádios online, aonde toda a programação é mais segmentada, portanto mais exata quanto ao público, e, diferentemente do rádio, não está limitada geograficamente por conta do alcance de suas antenas. O jornalista Ricardo Noblat, um dos pioneiros em jornalismo na web largou na frente e logo criou a sua rádio, confira aqui.


 
Chico Buarque lançou seu último disco pela internet



Outro atestado de uma nova receita que começa a surgir, é o fato de que todo trabalho lançado por uma grande gravadora, ou tem seu complemento em um site na web, ou é lançado pela mesma. Ultimamente, artistas como a banda Kaiser Chiefs e o cantor Chico Buarque  lançaram seus álbuns pela internet. Este último contou com a pré-venda do álbum pela internet por R$29, com o ouvinte tendo direito a uma senha exclusiva para acessar o site e ver vídeos exclusivos ( o lançamento do CD, da própria casa do autor, se constituiu um sucesso). Marisa Monte lançou no youtube seu mais recente clipe de um CD seu que só será lançado no mês seguinte.

As rádios atualmente contam, em sua maioria, com a transmissão feitas pela internet, e a divulgação de suas promoções, além de serem feitas pelo dial-up, são também distribuídas pelas redes sociais. O que é certo, até então, é o fato de que a internet não suplantará o rádio e nenhum outro meio de comunicação, mas para que possam trabalhar juntos, algumas coisas sendo modificadas, transformando a rádio e a web em aliados para o serviço do público.

Ademais a todos esses fatos, a internet prossegue seu natural caminho de crescimento e adaptação ao mundo. Até a presente data ela já passou por três estágios importantíssimos: o brownser, o serach engine e, atualmente, a rede social.

E é essa última novidade virtual que vem trazendo consigo novas tendências e cenários. A internet, essa terra sem lei autoral (salvo algumas atitudes como a do jornalista Geneton Moraes) vem enaltecendo algumas verdades da sociedade.

A primeira é a curiosidade sobre o outro, o interesse pelo privado na continuação dos realitys televisivos na internet e no profundo estudo do profile dos vizinhos de navegação. E o segundo é fato dela estar se tornando um SAC por excelência, aonde a informação é divulgada rapidamente e não fica limitada à um pequeno grupo, antes, a reclamação está acessível para todos.

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