História sem fim

História sem fim

Sobre você, vi. Vendo por ver.
Enquanto em meio aos tambores na selva os silvícolas gritavam entre murmúrios, num tom fúnebre como uma fumaça que cai sobre o decampado, uma espécie de mantra monótono:

- Salve a selva de saliva que dissolve a solidão! Salve a selva de saliva que dissolve a solidão! As almas que de noite dão , não darão seus corpos no ar em vão!

Com sentimento, ela consentia com o tom das cores sobre os corpos e o som das muitas vozes que vinham de todos os lados sobre o chão.
Uma cabeça dura, duas cabeças chatas e alguém que tinha 21.000 cabeças pensantes dentro de uma, que ante outra cabeça acerta-se em convicções.
Tive visões.
Numa delas não trato a falta que te fiz; você diz que, como eu, marcou com fogo vermelho quente, marcou um signo no braço.

-E o som que vinha da mata fechada era eu.
Assim como floresta convida e traga adentro seu desbravador,
assim trago eu o meu grande amor.

Devora-me em mata fechada
e decifra-me sob a luz do luar.
Portanto não me coube em si tanto amor,
como não me cabe à mim ser quem sou,
fui condenado a jamais amar.
 

Não sei, nem sou ao certo, quem dizia isso. Se era ela, ou o eu dentro de mim que me projetava em minha mente, slides de momentos em que dois se juntavam num só.
Numa última visão, recebi:

”Na morte, no chão e na lápide, escrito:
a beleza reside senão na higiene, o amor preside nada mais do que a dor.”

E a única certeza que tive depois disso é , que nenhum término, jamais, tem sempre um fim.

Um comentário:

  1. Nossa, que "bonito e triste"! Lindo!
    Muito poeta! To gostando de ver!
    Orgulhosa de vc!

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